quinta-feira, 15 de julho de 2010

Jeito com as coisas

Eu confesso que não tenho muito jeito com as coisas. Não sei se isso se configura desatenção, brutalismo, falta de coordenação motora ou um "jeito" Alice de ser (como já me falaram) mas diariamente, acontece um infortúnio comigo que varia de pequeno acidente a catástrofe.
Na época da faculdade me lembro de ter derrubado o soro de um cachorro inconsciente ao tentar amarrar o cabelo, o que rapidamente despertou o mesmo. Também cansei de cair na cantina, derrubar o lanche dos outros, dar banhos de coca-cola nos amigos, dentre outras coisas.
Agora, se o veterinário responsável pelo seu cão acerta a cabeça no porta papel toalha no meio da consulta, o que pensar? (duas vezes)
Uma vez eu acordei atrasada, me vesti rápido, engoli o café da manhã e estava atendendo já o quinto cachorro naquele dia. Quando eu vou preencher a receita, que olho para baixo, vejo que tinha uma mancha na minha blusa, de nescau (maldito leite com nescau) que vinha do peito até o umbigo. Imagino o que todos os 5 proprietários que eu atendi não pensaram... certamente foi de "gordo é fo**" pra pior.
Enquanto eu ainda mantenho os pacientes salvos vale tudo, de tropeçar no fio do foco cirúrgico a cortar 'levemente' o braço da Renata com bisturi durante uma cirurgia (ela se vingou me furando com uma agulha na mesma semana).
Com o tempo eu passei a ser mais cuidadosa nesse sentido. Depois de muito treino e atenção eu não tenho sofrido sérios acidentes na clínica.. reservo para os momentos de lazer (tropeçando e caindo quando ando na avenida), no trânsito (derramando café no banco do carro), e até nas reuniões mais importantes no frigorífico com os fiscais do SIF (derrubando dois quilos de camarão fresco no chão).
O engraçado é que em casa eu geralmente não passo por nada disso. Acho que a intenção do conceito estabanada não envolve só derrubar as coisas que não deveriam ser derrubadas ou acertar a cabeça em locais que causam dor mas, principalmente, envergonhar o desastrado ao extremo. Se o autor da catástrofe não se importa, o acompanhante é quem mais sofre e isso leva a muita piada, gozação e até ao fim do relacionamento.
Frases que me acompanharam nesses eventos:
"Então, doutora, ele estava bem até ontem e" BAMMM "Nossa, doutora, isso doeu?"
"Que nada, besteira..." - tosador (sem medo de perder o emprego) rindo
"Essa é a veterinária responsável pelo frigor..." SPLASHHHHHH... "Meu Deus, Alice"
"Ahh Alice, que besteira, você deveria ter dito.. 'conheçam nosso novo prato, camarão ao chão'"
"Denys.... conserta aqui a tomada da extensão que eu arranquei de novo quando tropecei... boraa Denys, essa m**** fica no meio do chão, é uma armadilha"
"Alice.... meu Deus, larga isso, deixa que eu sirvo o café."
"Mas eu não derrubei, mãe"
"Ainda, Alice."
Fonte primeira imagem
Fonte segunda imagem

terça-feira, 13 de julho de 2010

Novo emprego

Já passou um mês que eu não passo por aqui, isso é um absurdo.
Deixe eu contar então..
Notícias boas são que eu sobrevivi nesse um mês, não olhei mais para a dissertação até duas semanas atrás, voltei para a rotina na clínica e nos frigoríficos e, desde a semana passada, estou brincando de gerenciar um petshop?
Por que? Porque a minha vida estava muito sossegada, quase nada para fazer ou resolver, então pensei: um pouco mais de trabalho não faz mal a ninguém.
Agora estou trabalhando igual gente grande, de segunda a sábado, das 8 às 18.
Sem contar que a clínica que estava acostumada a me pegar de pernas para cima em casa a qualquer dia está tendo que se acostumar a me ver apenas nos plantões e à noite, para ultrassonografias de emergência.
Nos horários que estou em casa nem olho para a louça (já não olhava, mas agora eu tenho a desculpa), não tenho mais tanta paciência com meus bichos (idem observação anterior), passo horas escrevendo relatórios, e-mails sem tempo para meus passatempos preferidos, como joguinhos de guerra e campo minado (fala sério!). Orkut e Facebook então? entregues às traças, tive que abandonar os jogos em flash nada viciantes como Colheita Feliz, Café World e Café Mania, que me levaram horas esperando amadurecerem, ficarem prontos... todos foram deletados.
O salário é bom e o trabalho não é tão pesado mas esse emprego trouxe para a minha vida algo que eu não esperava mais viver.. horas perdidas esperando o ônibus, dentro dele, e seguindo da parada para o destino.
O pet shop é na cidade ao lado então quando eu falo horas eu quero dizer HORAS mesmo. Quando o ônibus está cheio eu não posso mais fingir que estou grávida para conseguir lugar, pois emagreci, e se eu o fizer vou passar apenas por uma magra maluca cara de pau.
Ontem eu fui alegremente para a parada do ônibus, levando comigo um maltês de um quilo dentro de uma caixinha de transporte, o pobrezinho está internado comigo nessa semana. Depois de pagar a passagem e querer morrer porque não havia lugar para sentar, uma moça do fundo se levantou e disse: Que coisinha linda... pode sentar aqui senhora, tadinho do cachorrinho tá dodói!
Dessa vez a fofura do moribundo me rendeu um lugar, mas, e da próxima?


Fonte da imagem utilizada