terça-feira, 30 de junho de 2009

Adeus ao Boi



Ontem eu fui à Camamu fazer a eutanásia do Boi. Ele estava bem caído, quieto. Foi muito tranquilo, em poucos minutos o Boi já descansava.
Tirei uma foto da lesão.
A Andréa fez uma coletânea de fotos do Boi e sua turma. Tirei umas fotos também do paraíso onde o Boi morou.


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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Boi




Em 2005, quando a clínica ainda era um "quarto e sala", nós atendemos um mestiço de Bull Mastiff chamado Boi. Ele chegou ictérico, apático, inapetente e muito debilitado. Após alguns exames nós fechamos o diagnóstico de hepatite, provavelmente devido à uma intoxicação, seu fígado estava aumentado e os resultados bioquímicos mostravam dano severo.
Ele veio indicado por outra veterinária que não poderia interná-lo, não tinha espaço. Nós também não tínhamos muito, mas fizemos o possível. De acordo com o histórico, ele poderia ter tido contato com a gasolina do helicóptero da dona, então, fechamos o diagnóstico.
Depois de muito soro, vitaminas e repouso o Boi melhorou. A proprietária ficou muito satisfeita. Ela vive em uma cidade perto de Ilhéus, chamada Camamu, e possui uma rede de hotéis. Depois disso o Boi voltou para exames de rotina, bem como outros cães da mesma proprietária.
Há cerca de um mês o Boi voltou com uma lesão tumoral na gengiva.
Depois de cursar a matéria Oncologia em Pequenos Animais no mestrado, eu aprendi que neoplasias em cavidade oral tendem a ser, na sua grande maioria, malignas e bem agressivas.
Nós retiramos um fragmento da gengiva e enviamos para biópsia. O resultado ficou pronto hoje. O Boi tem uma neoplasia de células redondas indiferenciada, não foi possível identificar que tipo de neoplasia era.
Isso significa o seguinte: o câncer ocorre por uma mutação na célula que faz com que ela se multiplique de forma desordenada e/ou qualquer meio de inibição dessa multiplicação é inativado. Então qualquer célula pode se tornar uma célula neoplásica. Diversas características nessa multiplicação, nas células e nas consequências do tumor vai diferenciar o mesmo de benigno ou maligno. Então, tenhamos como exemplo a mama, uma célula da mama passa a se multiplicar desordenadamente, ignorando todos os mecanismos de inativação do organismo e as células filhas vão se tornando cada vez mais diferentes da célula primária. Quando é um tumor maligno e ocorre a metástase, com essa célula tumoral da mama caindo na circulação e indo para outros órgãos, começando com os linfonodos regionais e seguindo, por exemplo, para o pulmão, essa célula vai se fixar e continuar o seu crescimento ali naquele local onde ela encontrou ambiente favorável para crescer. Então, se eu proceder com uma biópsia e retirar um fragmento do pulmão, o exame histopatológico desse tumor vai me revelar se aquela lesão era primária de células do pulmão ou se ela veio de outro órgão. No exemplo citado, uma biópsia do pulmão revelaria que se tratava de uma metástase da mama. Porém em alguns casos, não é possível identificar de onde veio aquela célula, pois as células encontradas no tumor já estão tão diferentes morologicamente da célula primária, que somente exames específicos podem dizer de onde veio aquele tumor, se é primário ou metástase.
No caso do Boi, o tumor na gengiva revelou ser uma neoplasia de células redondas. Porém o exame mostrou que não foi possível distinguir que tipo de tumor foi esse, pois as células já estão muito diferenciadas, perdendo as características morfológicas da célula primária. Isso é ruim, muito ruim, revela que o tumor é agressivo e maligno, e de rápido crescimento, nos deixando com um prognóstico reservado a ruim.

Eu dei a notícia hoje para a proprietária do Boi. Ela quer cuidar bem dele, mantendo confortável, feliz, sem dor. Enquanto ele estiver comendo, sem dor, tranqüilo, nós continuaremos fornecendo conforto. Quando a situação não estiver mais valendo a pena no sentido de bem estar, ela me pediu que fosse até a cidade dela para fazer a eutanásia do Boi. Foi muito triste, ela chorou bastante.
"Alice, você sabe que eu até gosto dos outros veterinários daí, mas você é a madrinha do Boi, eu confio em você, vamos cuidar dele até o fim. Eu quero que ele seja eutanasiado aqui em casa, você pode vir aqui?, aproveita e conhece a cidade, tem tanta gente com cachorro aqui e nenhum veterinário... eu quero enrolar o Boi em um lençol branco e quero que ele seja enterrado na minha propriedade... oooh Alice, que notícia ruim, mas eu amo meu Boi e vou cuidar dele até o fim"
É muito difícil saber o que falar nessas horas.

Encontrei esse site com algumas definições e explicações sobre tumores. É humano e a linguagem é simples, para quem quiser maiores informações sobre neoplasias em cães e gatos, recomendo o livro Small Animal Clinical Oncology, que é livro de cabeceira para um bom oncologista veterinário.
Também tenho muito material, pode me solicitar por Contato, especificando o assunto. A maioria é em inglês.

sábado, 13 de junho de 2009

Concurso

Ontem foi o Dia dos Namorados, o Beto estava todo apaixonado e me fez uma proposta:

Alice, por que você não estuda pra concurso, passa, ganha melhor do que eu. Daí eu largo o emprego e a gente vai embora de Ilhéus?

ahahaha

Vou fazer concurso para que? para ganhadora da loteria?

Realmente, concurso é uma opção, mas, será que eu teria tanta história pra contar tendo um emprego só?

Será que eu me acostumo com a rotina?

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segunda-feira, 8 de junho de 2009

No 0800

Hoje eu ouvi um comentário interessante. Morar em cidade pequena é assim, todos te conhecem e isso tem vantagens e desvantagens. Nesse caso foi uma vantagem porque me rendeu boas risadas.

Fui abastecer o carro para vir para a clínica e depois de abastecido o frentista comentou com outro:

-Tá vendo, se você tivesse levado o seu cachorro para a Dra aqui ele não teria morrido, mas foi querer fazer tudo no "0800"!!!

- Como é? não entendi! (disse eu)

- Não, Dra, é que o cachorro dele tava doente e precisava operar, então ele quis fazer em casa, no "0800"... acabou enfiando a agulha muito profunda, para aplicar vaselina, sei lá, o remédio lá que vocês usam.. e matou o cachorro!!!

Eu não sabia se ria ou ficava séria.. acabei rindo:

-Hahahah, bom, desculpe.. essas coisas acontecem mesmo, da próxima vez já sabe!!

E saí rindo... "aplicar vaselina???"..."como assim?"

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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Dona Zumira e seus ShihTzus

Nessa semana eu recebi mais um ShihTzu da Dona Zumira, aquela do post sobre diagnóstico e tratamento. Dessa vez ela nos trouxe a Estrelinha.
A Estrelinha apresentava falta de apetite, inapetência, e durante o exame pudemos notar que ela estava muito mal-tratada. Isso mesmo, a Dona Zumira aparentemente havia se esquecido que a Estrelinha existia, pois ela estava lotada de pulgas e carrapatos, estava bem abaixo do peso, e anêmica. No hemograma, pudemos ver que a Estrelinha apresentava uma infecção aguda e anemia. Resolvemos fazer uma ultra-sonografia e havia um grande cálculo na bexiga, com espessamento da parede da mesma. Orientamos a cirurgia para retirada do cálculo.
Bom, antes de concluir esse caso, preciso falar da Preciosa, outra Shihtzu de Dona Zumira que atendemos há cerca de 6 meses também com cálculo na bexiga. Foi realizada cirurgia de retirada do mesmo. Depois de cerca de 5 dias a Preciosa voltou pois havia comido os pontos e estava com princípio de evisceração (saída de órgãos abdominais pela ferida cirúrgica). Foi refeita a cirurgia, e re-orientado à Dona Zumira que a Preciosa precisava de repouso e uso do colar elizabetano:
- Mas ela ficou com o colar o tempo todo!! ; disse dona Zumira, e depois admitiu que Preciosa não usou o colar dia algum.
Enfim, depois do caso da Preciosa nós não ouvimos mais falar da Dona Zumira, até a chegada da Estrelinha. Mas uma coisa curiosa aconteceu, a Estrelinha havia sido consultada por um colega antes de vir para nós, e Dona Zumira contou o caso da Preciosa para esse colega, dizendo que se sentiu lesada e foi extorquida na nossa clínica, pois cobramos caríssimo por termos refeito a sutura da Preciosa.
Se eu pudesse prever que ela sairia falando isso da nossa clínica, eu teria realmente cobrado caríssimo.
Depois da cirurgia da Estrelinha, claro que ela veio pedir desconto:
- Olha Dra Alice, a senhora sabe que eu sou freguesa, claro que vai fazer um "menos"!!
- Bom, Dona Zumira, o preço da cirurgia é esse e não posso fazer um "menos". E tem mais, por favor execute as recomendações do pós operatório porque se a Estrelinha voltar com a ferida cirúrgica aberta, será cobrado o mesmo valor para refazermos a cirurgia, a senhora compreende, não é? Não quero que pense que estamos com intenção de lesar a senhora como aconteceu com a Preciosa!!
- Claro que não, Dra Alice, a senhora salvou a vida da Preciosa, eu nunca me sentiria lesada.

Bom, isso foi há 5 dias e até agora a Estrelinha não voltou para nova sutura.
Colega, ninguém vai falar bem de você se você fizer um "menos", dar desconto no seu serviço, vão falar mal do mesmo jeito. Continue com seu trabalho bem feito e cobre o que deve ser cobrado, só você pode se valorizar. E, outra coisa, como dizem, diarréia não dá uma vez só, você vai ser sempre procurado pela sua eficiência, e eles voltam... mesmo depois de falar mal, eles voltam.
Só uma observação: o cálculo era exatamente do tamanho da cavidade intra-vesical, isto é, preenchia toda a bexiga (foto)

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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Música - OFF Veterinária



Eu tive a minha fase roqueira na adolescência, junto com uma amiga, a Lya, a gente foi para muitos shows e curtimos a nossa fase, anos 90.
Depois que eu me mudei para a Bahia, acabei deixando um pouco pra trás desse mundo underground. Mas, como muitas outras maravilhas (como meu blog), a internet trouxe a música de volta para a minha vida.
É incrível as coisas que temos acesso hoje em dia. Clipes, entrevistas, shows, tudo isso a um click.
Nesse ano eu quis fazer diferente. Conversei com outros amigos do mestrado, e decidimos montar uma banda.
O Valter, que hoje faz mestrado, ia ser o guitarrista, então pensamos na Ludymille, graduanda ainda, que canta muito bem e toca bateria. Faltava então o baixista, então eu decidi aprender a tocar baixo. Fui na loja, comprei um baixo e depois um microfone.
Cerca de 5 meses de conversa depois, rolou o primeiro ensaio. Foi mais confusão do que música, mas muita diversão.
Os ensaios seguintes já foram mais organizados, e eu estou filmando as melhores partes.
A formação atual da banda é:
Alice - médica veterinária, mestranda na UESC, vocalista e baixista, e cinegrafista
Ludymille - estudante de veterinária, formanda, na UESC, vocalista e baterista.. e várias outras coisas
Valter - médico veterinário, mestrando na UESC, guitarrista
Wallace - nada em veterinária... formado em Administração, que caiu de pára-quedas e foi muito bem vindo... não entende as piadas de vets mas ri mesmo assim, toca violão.
Pensamos em colocar o nome da banda com algo voltado para a veterinária, tipo Ascite, ou Parvo's Band.. por enquanto ela não tem nome.

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