sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Hora de mudar

Eu não estava mais me dedicando para o consultório. Na verdade até estava, mas o movimento estava fraco, a clientela queria muito atendimento em balcão. Não se deve atender em balcão de loja, não é apropriado, você não pode atender no intuito de vender medicamentos, mas quando o consultório é dentro do pet shop é tão difícil. As pessoas não sabem diferenciar bem o que é um veterinário responsável técnico por uma loja que tem um consultório lá dentro, da loja em si. Muitos clientes não queriam pagar consulta porque estariam comprando medicamentos da loja, mas eu nunca recebi um centavo pelos medicamentos vendidos na loja, e nem queria, nunca quis, deixa o viés... será que estou prescrevendo porque o cão precisa ou porque eu preciso?
Enfim, eu queria alguma coisa só minha, para eu poder atender de madrugada, dar meus passos sozinha, eu queria ter um lugar onde as pessoas entrassem querendo ajuda e que soubessem que é algo particular, tem custos, e eu não precisasse ficar dizendo para todos "sim, mas você quer uma consulta?"
"e a consulta é paga?"
"sim, senhor, trinta reais!!"
"mas tem que pagar mesmo se eu comprar remédios?"
e por aí vai
A dona do petshop sempre foi muito amiga, ela me deu vários conselhos, nunca me deixou na mão. Aprendi um bocado com ela, mas era hora de eu procurar outro caminho.
Então comecei a pensar em montar um consultório em outro lugar, outro bairro...
Entrei em um estado de hipomania, não conseguia dormir, só pensava em mudar. Fazendo orçamentos, procurando pontos!!!!!
Ah, o congresso nacional de clínicos de pequenos animais 2005 vai ser em Salvador!!! Eu vou!!!

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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Ultra-sonografia


Aiii como é chique escolher esse diagnóstico de imagem para trabalhar.
"Quem é a ultra-sonografista???" Euuuuzinha :D
Mas que curso caro? 10 de 120,00 reais???? mal tiro isso, gente eu sou veterinária do interior da Bahia, bairro simples, esqueceu???
Vamos lá, vamos pagar. Depois disso eu vou ficar importante. Comprei todos os números da revista Clínica Veterinária que falavam de ultra-sonografia em pequenos animais, comprei um livro caríssimo, de um tal de Nyland, sobre ultra-sonografia... estou pesquisando preço de aparelho...
O QUE????????????????? R$ 45.000,00 num é possível, como que eu vou comprar o aparelho?
Meus professores acharam legal a idéia do curso, e ainda complementaram "melhor você fazer esse curso quando tiver o aparelho, porque senão você esquece tudo!!"
Como é que eu vou fazer?
Bom, sabe que pensando agora eu não tive medo não, as coisas não acontecem na minha vida assim, eu nunca entrei em uma empreitada que não desse certo (tirando a viagem pra Salvador, e outras coisas que ainda não contei), ok, eu não entrei em muitas empreitadas que não dessem certo,... na verdade entrei em muitas sim, mas enfim, essa empreitada não deu errado!!! Não podia dar, afinal de contas eu nunca havia me identificado tanto assim com alguma coisa, tinha que dar certo, e ia dar.
Onde eu ia ficar em São Paulo... por que todas as famílias do Brasil tem um retirante em São Paulo e a minha não tem? A família da minha mãe é de Minas, se mudou pra Brasília, onde mamãe conheceu papai, que era do Rio e também foi pra Brasília... onde eu nasci. Mas nenhum dos meus parentes foi tentar a vida em São Paulo, consequentemente eu não tinha onde ficar. Ah, mas até lá, vou arrumar onde ficar, ainda faltam 10 meses, dez difíceis meses para pagar.
Ahhhhhhhhhh eu vou andar de metrô... igual hollywood!!!

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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Diferencial


Quando a gente cai no mercado de trabalho, se depara com a concorrência. É preciso ser diferente. Na minha cidade tem muitos veterinários antigos, alguns vivem em congressos, outros não, e uma galerinha nova está chegando. Eu precisava ser diferente. Eu precisava fazer alguma coisa que ninguém mais fizesse, e também que pudesse auxiliar outros colegas.
Bom, para ser diferente é preciso rebolar porque todo veterinário de pequenos em uma cidade pequena acaba fazendo de tudo... depois de muito pensar e descartar as possibilidades de trabalhar de biquini ou algo mais louco eu cheguei à conclusão que poderia investir em diagnóstico.
Aham,... fui longe, mas pelo menos já sabia alguma coisa.
Pensei então no meu estágio supervisionado, lá na clínica tinha RX e ultra-som, achava tão chique o laudo da ultra... isso já é um começo, achar chique. Agora tinha que achar um bom curso para fazer.
Procurei bastante e encontrei um curso em São Paulo que durava um mês. Seria em julho de 2005 e estávamos em setembro de 2004, liguei pra lá e só tinha uma vaga. AHhh era minha, começando a pagar em setembro seriam em 10 vezes. Ótimo para mim!!!
Liguei pra mamãe, "paga pra mim!!!"
"Alice, você acabou de sair da faculdade, já quer fazer curso?"
"Mãe, você quer que eu pare no tempo?"
"Minha filha, não faz isso."
Mamãe ajudou, e eu dei também um duro danado para fazer o curso.
Onde eu ia ficar? Ficar em SP durante o mês mais frio? Como eu ia pagar minhas despesas lá? Ahhh, isso eu resolvia depois

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Ética de um político



Quando começamos a trabalhar na clínica de pequenos animais, vivemos um mundo que envolve animais, clientes, fornecedores e outros veterinários. Precisamos saber nos encaixar, saber tomar boas decisões e antes de tudo, ter ética. A ética e a moral diferencia de pessoa para pessoa mas existem códigos de Ética em cada profissão que precisam ser lembrados.
Todo veterinário já foi vítima e vilão nesse mundo, mas precisamos saber onde queremos ficar.
Esse ano teve uma mesa redonda na Universidade, onde participaram formados de cada ano na veterinária. Entrei em 1998, falamos das dificuldades que cada turma viveu e como encaramos o mercado de trabalho. Uma colega minha, que entrou em 1997 falou que "veterinário tem menos ética que deputado"...
Uma frase chocante, tanto para veterinário quanto para deputados. Mas não vamos generalizar! O que ela quis dizer, e que eu concordo, é que os veterinários não são unidos. Muitos veterinários aproveitam a insatisfação do cliente para falar mal do colega, o que ele não pode se esquecer é que ELE NÃO ESTAVA NO MOMENTO DO EXAME. É muito fácil julgar um tratamento, um diagnóstico, quando não se esteve lá na hora, quando não se sabe das dificuldades que o colega passou. Já passei por muitas situações difíceis do tipo:
"A senhora matou meu cachorro!! Prescreveu um tratamento e em uma emergência eu levei para outro veterinário, quando ele disse que o diagnóstico da senhora estava errado e o tratamento que matou meu cão. E esse veterinário é bom, porque ele soube o que meu cachorro tinha só de olhar e a senhora ficou pedindo exames, e mesmo assim meu cachorro morreu!!!"
Acho que todo veterinário já ouviu isso, faz a gente querer chorar, querer gritar, querer matar o colega. Por que ele fez isso?
Quantas vezes eu recebi um cliente insatisfeito no meu consultório, dizendo horrores de outro veterinário. Quando eu era estudante e isso acontecia, eu falava que a pessoa tinha razão, que o veterinário tinha que se atualizar. Estudante costuma achar que sabe tudo, que tem toda razão. Tenho certeza que dei mais razão para os clientes do que para os colegas nessa época. Talvez se eu tivesse sido chamada atenção eu não teria sido vítima no futuro.
Hoje eu penso duas vezes antes de falar de um colega, a cada dia a gente aprende mais. Se ele fala de mim, quem tem que mudar de atitude é ele.
A classe de médicos é unida, a de veterinários também deveria ser... mas médico fala mal de médico entre eles!!! não importa, não fala com o paciente.
Veterinário deveria se unir também, lembre-se, você nunca sabe quando pode ser contigo!

Mais informações: Código de Ética


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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Horácio



Eu tenho postado lembranças do tempo que eu chamo de PRIMEIRA FASE da minha carreira, quando ainda era um consultório dentro de uma loja. Ainda faltam muitas histórias para chegar nos dias de hoje. Mas quero falar de um assunto atual... Horácio.

Quando eu ainda tinha meu pequeno consultório, chegou para a vacina um boxer muito fofo. Ele era dourado, tinha 45 dias e se chamava Horácio. Ele fez todo o programa de vacinação comigo, voltou para algumas outras consultas de rotina, quando o proprietário me disse que estava doando o animal. Não pensei duas vezes e o peguei para mim.

Na minha casa ele cresceu, ficou muito bonito, todo mundo parava na rua para ver meu cachorro, e ele sempre dócil. Ele vivia com Minerva e Rebeca, outras duas boxers.
Viveu comigo 4 anos, nesse tempo teve 4 ninhadas com Minerva e 3 ninhadas com Rebeca, sem contar outras fêmeas que iam lá para casa só pra namorar com ele.

Há cerca de dois meses ele começou a tossir, há um mês foi diagnosticado um problema cardíaco sério. Entramos com o tratamento, mas ele tem emagrecido cada dia mais, ainda se alimenta, anda lentamente, e acredito que só esteja de pé porque sempre foi muito forte. Ele não está respondendo ao tratamento.

Meu primeiro boxer macho, o Logan, morreu nessa época do consultório. Também sofreu bastante, tinha um problema renal. Foi eutanasiado, e enterrado na beira da praia.

É muito ruim falar do que é nosso.

Há menos de uma semana eu eutanasiei um animal na clínica, uma cadela idosa, prostrada, apática, cega, com uma doença degenerativa em estado terminal. Eu não gosto do procedimento, mas me sinto bem por aliviar o sofrimento. É algo quase que mecânico, não pode ter apego, senão não conseguimos fazer. Quando é algum paciente mais antigo, pedimos para um colega fazer, quando é nosso, pedimos a Deus que leve.

Eu tenho pedido a Deus que leve Horácio, ele está muito fraco, tem sido muito difícil vê-lo assim. Passo horas do lado dele fazendo carinho. Como eu queria que ele melhorasse, como eu queria ser leiga e ainda ter esperança. Muito triste!!

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domingo, 26 de outubro de 2008

Emergências - Parte 1


Quando optamos por atender as emergências, nos permitimos viver experiências únicas. Muitas com final feliz, outras com finais não muito felizes e poucas com finais trágicos.
Chamamos de emergência qualquer evento que exija atendimento imediato e que comprometa a vida, baseado nesse conceito os proprietários ligam para o veterinário e levam seu animal a qualquer hora.
Deus tem piedade dos veterinários e nem toda emergência é de fato uma emergência, mas todas elas dão história para contar.
Elas são frequêntes nas madrugadas e nos feriados.
Certa vez eu fui atender uma emergência no domingo, um poodle de 10 anos que entrou no quintal onde moravam três rottweilers que o detestavam, acontece que os cães não chegaram perto do paciente quando a proprietária com muita destreza agarrou o poodle e o lançou sobre o muro de 5 metros. O pobrezinho mancava.
Já fui atender outro caso em domicílio, em um feriado, de um cão que de repente desenvolveu um tumor na barriga, ainda estava pequeno, disse o proprietário, e o constatou durante o banho semestral do cão. Após o exame físico eu fui obrigada a informar que o tumor se tratava de um peito "benigno", e que eles tinha outros... desde que nasceu.
Outra emergência clássica, é a gata que fica louca de uma hora pra outra, começa a se jogar no chão, gritar de "dor", levantar os membros traseiros assustadoramente. Realmente o cio é triste para algumas fêmeas.
Mas depois de tantos problemas, as emergências divertidas são muito bem vindas.

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sábado, 25 de outubro de 2008

Olhadinha

Todo veterinário já passou pela pergunta:
-Doutora, a senhora pode dar só uma olhadinha?
- O senhor quer uma consulta?
- Não, doutora, só uma olhadinha!!

Certa vez chegou um cliente, com uma colega veterinária:
- Doutora, quero saber se a minha cadela está grávida!
- Ok, o senhor quer uma consulta?
- Não doutora, só uma olhadinha!!
- Meu senhor, para examinar a sua cachorra eu tenho que fazer uma consulta.
- Não doutora, a senhora não entendeu. é só pra saber se ela está grávida. Faz assim, coloca a mão na barriga dela.
A colega colocou
-Então, está gravida?
¬¬
Nessas horas dá vontade de dizer que meu olhar de RX quebrou hoje e faltou bateria na minha mão ultra-sonográfica.
Ou quando é pelo telefone:
- Doutora, meu cachorro tá vomitando, que que eu faço?
- Traz para o consultório!
- Não tem nada que eu possa dar em casa mesmo? estou sem carro, e é uma emergência, ele já vomita há 4 dias. Que que eu dou em casa?
- Olha, seria muita irresponsabilidade minha medicar um animal que eu não examinei.
Além do que é contra a Lei:

RESOLUÇÃO Nº 322, DE 15 DE JANEIRO DE 1981
CAPÍTULO II - COMPORTAMENTO PROFISSIONAL
Art. 2º É vedado ao médico veterinário:
receitar, salvo em casos especiais, sem exame objetivo do paciente;
dar consultas, diagnósticos ou receitas pelos jornais, revistas, rádio, televisão ou correspondências;
CAPÍTULO III - RELAÇÕES COM OS COLEGAS
Art. 13º Grave infração à ética, será cometida pelo médico veterinário que, visando a substituir um colega, temporariamente, oferecer serviços gratuitos ou aceitar remuneração inferior, a fim de conseguir mercado de trabalho.
CAPÍTULO VI - HONORÁRIOS PROFISSIONAIS
Art. 31º É vedada a prestação de serviços gratuitos ou por preços flagrantemente abaixo dos usuais na região, exceto por motivos personalíssimos, o que, se ocorrer, requer do médico veterinário justificação do motivo dessa atitude junto ao solicitante de seus trabalhos e ao CRMV da sua jurisdição.

O que eu tenho para vender é o meu trabalho, a minha mão de obra. Não sou loja, e quero viver da minha profissão.
Como diz meu querido João Ubaldo Ribeiro: O Conselheiro Come

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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

CAPA GATOS


Em algumas Universidades do Brasil, alunos de vários cursos chamam aqueles de veterinária de "capa-gatos". Todo veterinário de pequenos animais já ouviu essa expressão. Durante o tempo da faculdade eu levei meu gatinho, o Virgulino, para castração. Ele vivia fugindo para namorar e voltava todo machucado pra casa. Acompanhei o procedimento, era fácil, e foi tudo bem. Depois disso, Virgulino nunca mais saiu de casa para namorar ou brigar, viveu feliz, engordou, e eu fiquei satisfeita, funcionou mesmo.
Meu primeiro paciente gato foi o Tom, e logo ele ganhou um irmãozinho, o Pacato. Tom era temperamental, fugia, brigava, já o Pacato saía pouco, era dócil, como o nome diz... pacato mesmo. Eu comentei sobre a minha experiência com Virgulino e o proprietário decidiu castrar os dois.
A cirurgia foi muito bem, minhas primeiras castrações, agora eu era definitivamente uma "capa-gatos" eheheh..
Eles recuperaram bem, e depois do repouso o Tom nunca mais fugiu pra namorar, já o Pacato saiu e nunca mais voltou pra casa. O proprietário entendeu o ocorrido mas eu não tinha onde enfiar a cara. Afinal de contas eu falei tanto das vantagens e isso tudo me lembrou o discurso do nosso paraninfo... ele contou a seguinte história:
"Era uma vez um caçador que tinha uma flauta mágica, quando ele tocava os animais ficavam mansos e ele a usava para caçar leões. Até que um dia ele caçou e matou vários leões, os encantando, quando sobrou um. Ao perceber a presença do caçador ele prontamente foi em sua direção atacá-lo, quando o caçador pegou a flauta e começou a tocar. Mas a melodia não parecia fazer efeito no leão, e o caçador acabou sendo morto. Moral da história: Cuidado com o leão surdo" Nem sempre o esperado vai acontecer, pense nas outras possibilidades, aja pensando nas patologias e não empiricamente. Biologia não é matemática, nem sempre 2 + 2 = 4.

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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Enterro e hospital


O bom de trabalhar em um bairro simples é que a gente acaba conhecendo todo mundo, se envolve, se diverte...
Um dia atendi um paciente, o Miquei, com problema cardíaco. Não respirava direito, estava com edema pulmonar. Orientei então que levasse na Universidade próxima, a UESC, para fazer um eletrocardiograma e acompanhamento.
"Mas doutora, eu não tenho carro"
Lá fui eu levar a proprietária e o cão pra UESC. Ao chegar lá, ele estava cansado, fomos andando devagar, quando ele teve um desmaio, corremos para o atendimento mas ele morreu ali mesmo. Foi um sofrimento, a proprietária chorava, eu fiquei arrasada, e ele então foi quem mais saiu perdendo.
Voltamos para Ilhéus, a proprietária aos prantos: "Como eu vou contar pra minha mãe, ele era a sua razão de viver, que que eu vou fazer??? Onde vou enterrar???"
Eu fiquei morrendo de dó, me disponibilizei para qualquer coisa.
Ela aproveitou dessa minha disponibilidade.
Dei a notícia para a mãe. Abracei. Ouvi 2 horas de histórias sobre o cachorro. Fomos todos para a praia, enterramos o bichinho, fizemos oração, cantamos um hino.
Não trabalhei mais nesse dia, a mãe da proprietária guarda uma foto minha na carteira e diz pra todo mundo que eu cuidei do filhinho dela e ajudei a enterrar.
Outro dia eu liguei para uma proprietária, a D. Laura, para passar um resultado de um exame e percebi que ela não estava muito bem. D. Laura é uma senhora bem simples, que cria mais de 20 gatos e 5 cachorros, próximo ao consultório. No telefone ela falava com dificuldade, estava com falta de ar, o marido estava na fazenda. Bom, mais uma vez lá fui eu, fechei o consultório, fui na casa da D. Laura buscá-la, levei para o hospital. Ela então foi atendida, tomou medicação. Ficou no soro, depois a levei pra casa de liguei algumas vezes para saber como estava. A senhora chorou tanto, agradeceu. Depois disso, sempre que podia, ela levava mandioca, banana da terra, bolo e canjica pra mim.
Veterinária é isso, é fazer mais do que pode e poder fazer de tudo.

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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

De madrugada

Acidentes não tem hora para acontecer, veterinário não tem hora para trabalhar. É uma profissão gratificante mas maçante às vezes. Você fica no consultório o dia todo, esperando uma alma, não entra nem mosquito. Você então vai contar todas as seringas, todas as ampolas, comprimido por comprimido... e o tempo não passa. Então você resolve procurar os lugares mais inusitados para ter pêlo de cachorro, sobre o monitor, embaixo dele, dentro do computador então!! tinha até pêlo enrolado na bolinha do mouse. Faxina feita, o tempo não passa. Você começa a revisar as fichas, lembrar dos casos, passar raiva com os calotes, pensa nas contas pra pagar. E o tempo não passa. Quando finalmente chega a hora de fechar, você fecha o caixa = R$ 0,00 = na verdade menos R$ 7,80 porque você almoçou, e vai pra casa.
Em casa seus cachorros vem pular em você, o gato vem pedir comida, eles não sabem o quanto você está cheia de paciência com eles, mas cumpre bem o papel de mãe. Depois que o gato está empanturrado e os cachorros na varanda com medo de você, daí vem a vontade de tomar um banho e dormir. Mas, adivinha o que acontece? O telefone toca, você tem que ir atender uma emergência, o proprietário relata: doutora, meu cachorro passou o dia vomitando, esperei pra ver se melhorava mas não melhorou, a senhora pode atender agora?
Ele passou o dia vomitando, o cliente passou o dia esperando ele melhorar, eu passei o dia arrumando o que fazer... mas vou ter que trabalhar de madrugada!!!
Isso acontece mais do que você imagina.
A gente sai de casa indignada, mas ao ver o paciente, ao começar o exame físico, aparece uma paz, uma tranquilidade, uma sensação de bem estar por poder ser útil, mesmo que às 3 da manhã, veterinário reclama mas é tudo igual... adora trabalhar!!!

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terça-feira, 21 de outubro de 2008

De quem foi a culpa?


Trabalhando nos mais variados casos e com os diversos tipos de pessoas a gente começa a perceber que no fundo no fundo há muita similaridade. Algumas pessoas vão ao veterinário para ajudar o animal, e outros para tirar a culpa das costas. Chega no consultório aquele animal cheio de feridas, várias cicatrizadas, magro, anêmico, e perguntamos: Há quanto tempo ele apresenta essas lesões?
"Sabe, doutora, ele até se coçava mas de ontem pra hoje parou de comer e começou a se coçar loucamente, olha só como já perdeu peso!!"
Está na cara que há pelo menos seis meses o animal não via banho, há 4 meses se coçava loucamente e há pelo menos uma semana está sem comer. Por que algumas pessoas não falam a verdade? Por que elas acham que não sabemos nada de patologia? Para se livrar da culpa?
Às vezes eu chegava em casa arrasada, pensava em como aqueles animais chegavam àquela condição, como achavam que eu era burra para não saber que se tratavam de maus tratos.
A veterinária é assim, compensa muito, mas entristece também.
Nem sempre o proprietário assume a responsabilidade da condição daquele animal, é mais fácil fornecer uma informação errada do que dizer que não levou pois não tinha tempo, interesse, ou o que fosse.
Me lembro de uma vez ter atendido uma shar pei extremamente magra, eu nunca havia visto um animal daquele jeito, eu perguntei para a proprietária o que estava acontecendo: "Veja bem, há uns 6 meses ela tá emagrecendo, eu coloco comida, ela come mas vomita, eu não tenho culpa, minha parte eu to fazendo"... aham, de repente a cadela tem bulimia e força o vômito para não engordar!!!
Atendi um animal na casa do proprietário, estava chovendo e eles me ligaram pois o cachorro havia comido "chumbinho", um veneno a base de carbamato utilizado para matar rato, e hoje com a venda proibida. Cheguei lá e o animal estava deitado na grama, na chuva. Ao perguntar o que a família fez, a resposta: "Olha, fomos nós que botamos o chumbinho para os ratos, mas ele não deveria ter comido, isso não é cachorro, é um burro!! você é burro é cachorro? é burro? ainda por cima deita na chuva, eu chamei pra vir pra varanda mas ele não quer vir"... pobre animal, estava sem forças, eu então trouxe para dentro da casa, sequei o cão, fiz o atendimento para o envenenamento e ele sobreviveu... para passar mais ANOS de vida com essa família, coitado!!
Maus tratos não são só bater no animal, mas a negligência nas necessidades básicas é o que mais vemos. Quando eu pego um caso desses, de maus tratos, de negligência, hoje em dia, e o animal morre, às vezes o proprietário pergunta "que raça eu devo comprar agora??" eu respondo" compra uma planta, pra que cachorro? paga uma segurança privada, cachorro dá trabalho".. eu prefiro perder um cliente que não crie mais cachorros do que recomendar que o mesmo leve outro animal pra casa, que vai passar pelas mesmas condições.
Seja sincero com o veterinário, não estamos lá para botar a culpa em ninguém, sua sinceridade colabora com o diagnóstico e ganha o respeito do seu bichinho!

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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Teste de Paternidade


Cortando rabos de poodles eu conheci uma cliente que vou chamar de Patty. Ela me levou dois poodles de três dias de vida para o procedimento. Mas Deus me deu uma língua muito maior do que qualquer pessoa pode administrar e eu comecei a perguntar sobre os cachorros, o pai, a mãe... tem coisas que não precisamos saber. Patty me confessou que o pai dos filhotes era do vizinho, e como ele não tinha colaborado com nada na gestação ela falaria para o rapaz que os bebês haviam morrido.
AHHHHHHHHhh, sabe aquela informação, "se eu te contar, terei que te matar!!!" eu não precisava saber disso, ainda me traria problemas.
E trouxe!!
Dois meses depois um desses filhotes voltou para vacinação, tinha ficado linda a poodle, preta, parecida com um machinho da rua. Eu havia esquecido todo precedente paternal da rebenta. E perguntei à proprietária, então não era mais a Patty, mas a tia dela "quem é o papai? é o Lucky da rua do lado? eu acho que é, parece tanto?"
A tia então conta para Patty que eu investigava a paternidade dos filhotes, Patty então vai tirar satisfação.
Quando ela chega ao consultório, eu achando que era para buscar sua cadelinha na tosa, aviso ao funcionário "Chegou a proprietária de..... de...." esqueci o nome da cachorra. Então a Patty fala vários desaforos para mim, me xinga, e ainda diz que eu falei "chegou a problemática"... ahahahahaha
Lembra que eu falei sobre minha passividade... pois é, terminei falando "Patty, me desculpe qualquer coisa, não foi minha intenção"...
Ainda bem que hoje a Santa Burrinha da Passividade não me segue mais,... mas tanta coisa aconteceu nesse tempo, ainda há muito para contar!

Lições que aprendemos até hoje: não diga que o cão não é poodle, não pergunte sobre os pais do cão, não vá de taxi a Salvador!!

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Poodles e afins


Eu me lembro do primeiro rabo que eu cortei... Aprendi muitas coisas nos estágios, mas quando você pega para fazer, aiii, dá um medo. Parece que você vai cortar o rabo de uma lagartixa e ele vai crescer de novo. Ou sair pulando. Você encara seu primeiro momento de todas as formas, menos da forma normal.
Mas não era nem de corte de rabo que eu queria falar.. mas já que comecei, aqui está um evento. Chegou aquela cliente com dois cães em uma caixa, eles pareciam dois filhotinhos de sagui, cada olho arregalado, um pelo lisinho, espetado, como uns fiapos. Eram bonitinhos os mestiços. Então eu pergunto: Sim senhora, é vermifugação ou vacina?
"Não, doutora, é pra cortar os rabos"
"Ué, mas por que vai cortar os rabos dos bichinhos?"
"Porque sim doutora, a senhora já viu poodle de rabo grande?"
"Já vi sim senhora, são umas graças, mas esses não são poodles"
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SILÊNCIO MORTAL
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"Doutora, a senhora não viu meus cachorros direito!"
Eu já estava sem graça, querendo entrar na caixa junto com os cachorrinhos..
Existe um ditado que diz: Você tem dois ouvidos e uma boca.
E outro que diz: Calado, até um tolo se torna sábio.
Infelizmente eu não conhecia esses ditados na época e insiti:
"Minha senhora, a mãe desses cachorrinhos andou namorando com outro cavalheiro que não o poodle da senhora"
Dessa vez a senhora praticamente soltou fumaça pelo ouvidos!
"Doutora, eu gostaria que a senhora cortasse os rabos dos meus poodles, pois eles são filhos de pai e mãe poodles, isso eu posso assegurar à senhora"
Bom, eu calei, peguei os cães, marquei a hora, e ela foi embora.
Então eu falei com os cães:
"Olha, poodlezinhos, vocês são poodles viu, tratem de enrolar esse pêlo, afinar esse focinho, e formem um lindo pompom nesse rabo que estou prestes a cortar"
Foi tudo bem, depois disso eu nunca mais vi os pobrezinhos. E nem esperava, a cliente ficou tão aborrecida com minha ignorância em cinofilia. Espero que eles tenham superado a diferença dos pais. Depois disso eu aprendi a perguntar sempre a raça antes, prefiro que pensem que eu sou burra do que se ofendam com o sangue mestiço de seus "filhos"!!!
Isso foi em 2004. Nunca mais eu havia falado nada de raça, mas semana passada chegou uma, segundo o proprietário, Fila Brasileiro tão fofa na clínica, comprada em canil, que daria uma linda labradora, precisei procurar fotos do google pra convencer esse outro "papai" que sua "filha" que havia sido criada como fila brasileiro, poderia até ser registrada como labradora chocolate, eheheh, esse concordou comigo.

Viagem para Salvador

Eu precisava ir buscar a carteira do Conselho de Veterinária... mas precisava de uma carona. A situação tava apertada e eu não poderia pagar um ônibus pra lá, seriam 120 reais. Complicado. Então a cada consulta eu comentava que precisava de uma carona, só comentário, se alguém oferecesse, ÓTIMO.
Então um dia um cliente me liga, dizendo que a esposa e a filha viajariam para Salvador naquela noite, se eu não queria ir junto, alguém havia morrido, estavam indo para o enterro. "Ah, claro, muito obrigada!!" Ele era dono de um restaurante, levou os cachorros uma vez, gastou bem, gostava de cães, um cliente legal.
Marquei a hora e o Beto me levou na casa do cidadão. Demorou para o transporte chegar, era um taxi, quando chegou o cliente falou: "pois é doutora, o taxi cobra 500 pra levar e trazer, a gente paga metade e a senhora paga o resto"
"O queeeeeee??????????, não, me desculpe, achei que fosse uma carona, e mesmo assim, o máximo que eu poderia pagar seria o que eu gastaria para ir, 120 reais." e pronta para ir pra casa
o Cliente então disse: "tá certo doutora, eu teria que pagar 500, aceito os 120."
Mas eu não ofereci, entende!!! Acontece que foi uma época da minha vida que eu tinha medo de dizer não, medo de magoar, de contradizer, etc, acabei aceitando a oferta. Beto falava "vamos embora... cê tá doida" e eu dizia" ah Beto, é bom que eu já pego logo isso, amanhã é sexta feira e eu to de volta", o taxi voltaria no mesmo dia.
Então chegou o taxi, um monza antigão, cheio de barulho, e dentro do mesmo estavam o taxista, a esposa e a filha de uns 3 anos. Iríamos seis em um taxi. O taxista, a esposa, a filha (para aproveitarem a viagem já que não conheciam Salvador) a esposa do cliente, a filha, de uns 5 anos e eu. Mais uma vez a Santa Burrinha da Passividade me disse "vai minha filha, você disse que ia, eles vão ficar tristes". Lá fomos nós
Era de noite, paramos para abastecer. O taxista então olha pra trás e diz: então senhoras, o dinheiro!!
A cliente não tinha tirado dinheiro, e o taxista parecia não ter, eu então coloquei 120 reais de gasolina, já pagando minha parte. Lá fomos nós.
O carro tava apertado, rangia por todos os lados, o taxista ia a 80 por hora.... de repente... BUM. estoura um pneu!!!. em plena madrugada, lá estávamos nós paradas na beira da estrada trocando o pneu do taxi. Depois de uma hora continuamos viagem. Eu fechava os olhos e fingia não estar ali, eu pensava "por que eu tava no consultório quando esse cliente levou o cachorro?? por que?? por que??" na verdade eu deveria dizer "por que eu não disse não?"
A viagem foi a mais longa que já estive, passei um medo, passei um frio. Finalmente chegamos lá.
Eles perguntaram onde eu ficaria, eu disse que na casa de uma amiga, mas o bairro era longe e o taxi não queria me levar. Daí eu apelei pra verdade: moço, eu to sem dinheiro, você vai ter que me levar lá!!
Me levaram a contra gosto.
Eu cheguei e contei minha aventura, minha amiga e a mãe ficaram indignadas. Lá fui eu pegar um ônibus pra ir pro conselho... eu me lembro até que dia foi, dia 22 para 23 de junho de 2004 que era Véspera de São João... sexta feira, e O CONSELHO ESTAVA FECHADO!!!!!!
Eu não acreditei, como eu não pensei nisso? feriado de São João na Bahia é sagrado....
Voltei indignada pra casa, não peguei minha carteira, e ainda teria que voltar no taxi do horror.
Enfim, passei o dia com minha amiga, dormi, liguei pro cliente e pro taxista o dia todo.... celulares desligados. De noite o cliente me fala que o enterro foi adiado e que a esposa voltaria depois (quem adia um enterro? tipo, ' hoje o defunto está indisposto'!!!!) e nem ela sabia como ia voltar pois o taxista sumiu fazendo turismo em Salvador.
Eu pedi dinheiro pra mamãe e peguei um ônibus de volta naquela noite, para chegar em Ilhéus às 5 da manhã seguinte, um pouco aliviada por estar indo de ônibus, sem dinheiro, sem carteira e com raiva de um cliente que nunca ia ouvir desaforos pois sou PASSIVA!!!! Ah que ódio de mim!
Acabou que esse cliente não voltou mais, nunca me pagou os 60 reais que eu paguei da volta, faliu, a esposa largou... e hoje é taxista.
Quem manda se aproveitar de uma veterinária quebrada!!

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sábado, 18 de outubro de 2008

Começo

Comprei alguns equipamentos, nada caro, montei minha farmacinha. Os estágios me ajudaram a escolher o que era mais usado, comecei a contabilizar o quanto era gasto de cada coisa para organizar as compras.
É incrível quando você começa e pensa: qualquer coisa pode entrar por essa porta, qualquer caso, eu não sei 1% do que devo saber....
A gente espera os casos mais difíceis, pelo menos o meu assunto de monografia, mas nada... eram casos simples, então eu comecei a traçar o perfil do meu cliente. E eu comecei a pensar que a veterninária não era tão complicada, basta saber avaliar, coletar bons dados e interpretar. E se você errar, errou tentando acertar, é isso que importa.
Nesse período eu atendi mais cães envenenados de madrugada e feriados do que diabéticos ou cardíacos descompensados, eheheh. E o Beto levantava de madrugada para me levar, no início, depois já me deixou andar com as próprias pernas.
Foi assim, cada dia aprendendo uma coisa nova, me virando para fechar os diagnósticos, conhecendo os fornecedores, aprendendo a cobrar pelo meu serviço (vim aprender 1 ano depois), que eu comecei na carreira de clínica veterinária de pequenos animais.
Ah, faltava ir à Salvador buscar minha carteira do Conselho, que não ficava pronta no dia, peguei uma barca furada para ir pra lá. Mas essa é uma outra história!!

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Preparando pra trabalhar

Informações da agenda da época:
22/03/2004 - tem um petshop próximo da minha casa, em um bairro simples, no qual eu poderia começar a fazer atendimentos. Faço um consultório. pronto :)
22/03/2004 - fui no Sebrae e me inscrevi pro curso de Treinamento Gerencial Básico.

- meu cachorro tá mal, com anemia, insuficiência renal. Ele só tem 2 anos, eu choro todos os dias. De que vale tanto estudo se não posso salvar o meu. Mas daí eu pensei, não é a gente que salva, a gente só ajuda -

Por que a gente passa tantos dias sem escrever no diário? A última informação é de 15 de julho, quando eu atendi um filhotinho, mas vamos voltar mais um pouco.

Na verdade meu primeiro emprego não foi o primeiro, eu já havia trabalhado de garçonete, caixa e agente do CENSO... mas depois de formada, comecei em um pequeno consultório.
Fui pra Salvador me registrar no Conselho de Veterinária. Peguei um ônibus 23:00 em Ilhéus e cheguei lá às 5:00. Tirei a foto pra carteira na rodoviária.... depois de uma noite acordada, a foto ficou horrível. Fui no Conselho, paguei as taxas, saí de lá com meu número..2418.. lindo né?! Liguei no caminho pro Beto pra mandar fazer meu carimbo!!
E comecei como todo veterinário acaba começando, em um pequeno consultório, em, um bairro simples, de uma pequena cidade da Bahia. Longe de um simples RX, ultra-sonografia, de exames laboratoriais, éramos a mesa, o animal e eu.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Proposta de emprego

Na festa de formatura alguns professores me falaram de um emprego disponível para vender medicamentos em fazendas. Aiiiii, agora imagine eu examinando um boi, prescrevendo... olha, nunca fiz nada parecido. Mas durante a entrevista não foram os bois que me desencorajaram, e sim a necessidade de morar em Itabuna.
Todos os pré-requisitos eram preenchidos, ser veterinária, ter carro, poder viajar para fazendas atender bois (isso eu aprendia depois) agora, morar em Ilhéus, na beira da praia, e me mudar pra Itabuna? 'Desculpe, eu falei, mas se o senhor conhecesse minha casa, não iria pedir para eu me mudar'. Acho que essa última frase não ajudou muito a conseguir o emprego.

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Dia da Formatura


Completamente diferente de qualquer dia que passei naquela faculdade. De repente as pessoas pareciam estranhas para mim, levanta, jura, senta. Eu sentava na carteira, não lá na frente, no palco. Eu usava roupas brancas, jeans... não aquela beca estranha.
O dia da formatura parece ser muito feliz, libertador, mas é estranho pra caramba.
A festa também é incomum. Várias mesas e várias pessoas que eu nem conheço. Cada um com sua família, as festas da faculdade não eram assim.
Eu precisava que fosse semelhante com qualquer coisa que eu vivia na época, então eu subi no palco e cantei.
Nenhum dos meus parentes nunca participou do meu dia a dia da faculdade, mas eu agradeci a todos por terem vindo. Foi então quando eu percebi que o dia da Formatura tinha que ser diferente mesmo, era um nascimento, uma nova vida. E ainda bem que meus parentes estavam lá, pais, avós, tios, primos e amigos.

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