quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Formspring me (parte 1)


O formspring tem sido atualizado diariamente para as perguntas. Eu prefiro que sejam feitas lá, pois muitas vezes não consigo responder de forma completa quando feitas em comments.
Claro, no Formspring também há brincadeiras, até as de mal gosto, mas isso também tem no trânsito e nem por isso eu vou parar de dirigir.
Aqui vai uma leva de perguntas. Obrigada pelas perguntas, espero tê-las respondido de forma satisfatória.

Agora, se você olhar ali para o lado (===>) ficou mais fácil de perguntar pelo Formspring.
Tenham um bom final de semana


Questions Answered


Alice, qual é o lado bom e o ruim de ser veterinaria? Sofia!
O lado bom é tudo de bom que acompanha a realização profissional. Há os que se acham deuses, mas isso é em qualquer profissão. Você vê o animal doente como um problema e resolve o problema, não é questão de salvar.. isso não te leva para o céu, mas te dá uma noite tranquila. O bom também de ser reconhecido, do agradecimento, da compreensão. O bom de ver que muitos amam seus animais de forma saudável, e cuidam deles, e batalham pela posse responsável. O bom de ter bons colegas para trocar experiência, figurinha, reclamações. O ruim é tudo que não dá certo, os que não foram "salvos", os que se foram e não voltaram para o retorno, os colegas que falam mal, os proprietários que não respeitam o profissional e nem seus animais.
No final, se você é honesto e estuda bastante, o 'bom' prevalece.

Eu tenho 2 gatos, e a minha paixão são eles, não sei se teria coragem, de por exemplo, no meu consultório vir um gato acabadasso, ou ter que dar injeção pra morrer? como que é assim, na faculdade, ou no dia a dia de uma vet, com essas dificuldades?


O veterinário deve gostar dos animais, mas deve saber separar essas coisas. Ali no consultório é trabalho, e deve ser encarado como tal. Na graduação você aprende tanto a encarar o animal como objeto de trabalho que não se apegar acaba sendo mais fácil. Você tem que lembrar que o gato todo acabado está ali em busca de socorro, e quem vai ajudar é você. Não é fácil fazer eutanásia. Alguns profissionais optam por não fazer, outros por não fazer dos seus pacientes. Eu faço sempre que preciso e certo no momento, mas não fiz e nem faço dos meus.


Se vc tivesse um homem com uma perna prestes a ser perdida e um cachorro a beira da morte, e tivesse recursos e habilidade para socorrer um deles e precisasse fazer a escolha. O que vc escolheria salvar? A perna do homem ou a vida do cachorro? by blacknudge

Isso não é uma dúvida, é uma pergunta para testar o caráter. Qualquer resposta é boa e ruim mas vamos imaginar essa situação... de certo eu atenderia o homem,... mas, se esse homem fosse você, provavelmente eu atenderia o cachorro porque o cachorro não tem perguntas tão complexas. ehehe

Eu esqueci de me identificar na pergunta que fiz...sou a Juliana, seguidora do seu blog. Perguntei sobre algum caso de miíase. Abraço.


Respondida, Juliana, bj


Alice, alguma vez já tratou algum caso de miíase? Sou fã do seu blog e de você...rsrs
Sim, algumas vezes. 2 delas em feriados (primeiros de janeiro para ser mais específica).
O tratamento de miíase é simples, mas vai variar com o local, o tamanho da lesão e a condição do animal. Deve-se proceder com limpeza da lesão com retirada das larvas, aplicação de spray larvicida/cicatrizante/repelente no local. Alguns profissionail associam o tratamento o uso de um medicamento oral para controle de infestação de pulgas, mas essa indicação não vem na bula, portanto vale a pela procurar no Google Acadêmico. Associamos também um antibiótico específico para tratamento de lesões em pele, e anti-inflamatório. É importante alterar o proprietário que se a lesão ficar exposta e não for usado um repelente, outras moscas pousarão e acabarão por fim levando a umanova miíase.
Quando a lesão é causa secundária do prurido (coceira), a causa primária deve ser tratada para evitar novas lesões. Em alguns casos, quase todos, há também a recomendação do uso do colar elizabetano para que o animal não tenha acesso à ferida.


Fala meia mole...sabe que adoro teu blog né....a gente sofre mas goza...kkkk
Verdade, sofre mas se diverte.



olá, tambem sou veterinaria em portugal e gosto muito do blog. parabens
Olá, obrigada por acompanhar os posts, divida sua experiência também pelos comments, você deve viver situações muito similares e diferentes.

Aiii, leio seu blog, e te adicionei no msn! serei uma futura veterinária, ainda estou no 2 colegial, enfim, obg por escrever sobre a profissão :))
Ah, eu espero que você goste das histórias. Obrigada.

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Mestrado gera traumas?


Já na reta final do mestrado eu conheci essa comunidade. Durante uma conversa com os meus colegas de mestrado, enquanto falávamos sobre trabalhos a serem entregues e tentativas de suicídio mais eficazes, muito foi dito sobre o assunto:

"No meu primeiro semestre de mestrado, com apresentação atrás de apresentação, eu só cheguei a uma conclusão: eu não quero fazer doutorado".

"É por isso que os créditos são no primeiro ano, porque durante o segundo ano você esquece o que passou e quando tá terminando tudo você se inscreve pro doutorado. Mas daí quando você lembra do que foram os créditos do mestrado, já é tarde demais."

"Dormir? Prá que?"

"Minha primeira apresentação dessa disciplina foi ótima. Eu comecei e em 10 minutos a professora disse: Pode parar, prepara tudo para reapresentar na semana que vem."

"Você tem a impressão que o seu orientador te odeia?"

A experiência de mestrado de cada um vai variar de acordo com o programa, os créditos, o projeto e a relação com o orientador. Aqui vão uns conselhos básicos:

1- Escolha um orientador com o qual você se identifique de alguma forma. Seja pela linha de pesquisa, seja por conhecimento anterior, seja pelo time de futebol. Se identifique. O mais inacessível orientador poderá ser a melhor experiência da sua vida, ou o mais "gente boa" se tornará o seu pior pesadelo. Quando você se identifica é um bom começo para tudo dar certo.

2- "Desenhe" um bom projeto. Um projeto com metodologia coerente, "redonda" e saiba, de antemão todas as análises estatísicas utilizadas. Se reguarde. Estude as análises, veja se são as mais apropriadas. Um bom projeto pode ir por água abaixo se a tal da estatística não responder as perguntas originais.

3- Não dê um passo maior que a perna. Não prometa resultado que não será possível, ou deadline que não será respeitado. Com exceção dos prazos estipulados pelos professores ou orientador, faça tudo no seu tempo.

4- Compareça a todas as reuniões sempre. Não perca a oportunidade santa que lhe foi concedida de provar que você está presente. Ou você vai se arrepender no futuro quando não te chamarem mais.

5- Faça seus créditos com calma, prepare boas apresentações e esqueça as horas de sono. Durante o período de cumprir os créditos e o período de redação da tese você não existe como marido, pai, filho ou namorado. (o verdadeiro para a esposa, mãe, filha ou namorada, com exceção que mulher dá muito mais conta do tranco que o homem mesmo).

6- E, por fim, no dia de apresentar a sua tese, sorria, seja agradável e não deixe jamais transparecer que:

"FINALMENTE ACABOU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"

No final, borde em todos os jalecos o MSc, mude os carimbos também...VOCÊ MERECE.


Post dedicados aos meus colegas que estão saindo, os do meio do caminho e os que entraram agora.

**** Nota: A autora desse texto está escrevendo sua tese de mestrado ****

Boa semana a todos.

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sábado, 16 de janeiro de 2010

Rapidinha 2



Essa foi no banho e tosa.

Chegou um carrapicho na clínica, trazendo um cachorro, então o tosador, Denys, mandou:

-Alice, a proprietária levou o cachorro para a fazenda e lá o soltou... ele então sentiu o cheiro da liberdade... mas, mal sabia ele que a liberdade era cheia de carrapicho.

Bom final de semana a todos
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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Caixa de Transporte


Eu me considero uma pessoa muito sortuda, por exemplo, acompanho blogs excepcionais (risos).
Eu li um post bem interessante do Blog Tudo de Cão que fala sobre o uso da caixa de transportes no dia a dia do seu cão. Publicado originalmente por Sara Favinha
"Não é raro olhar em volta e perceber pessoas com olhares indignados e de pena quando vêem nossos cães em caixas de transporte. Eu não as julgo, pois pensava exatamente assim, antes de ter informação, conhecimento e vivência suficientes para me convencer do contrário. Olhamos para aquele espaço pequeno, com grades, e os claustrofóbicos são capazes de suspirar de agonia. Pois bem, quem não consegue recordar de algum cãozinho entrando embaixo de algum móvel, do sofá, cama, armário, ou se encolhendo no cantinho quando fica com medo de trovão, de fogos de artifício, ou do próprio ser humano?..." leia mais aqui.

E assistam o vídeo no final também.

Acompanhem o Blog Tudo de Cão (orkut, twitter)

Participem da Campanha "Em 2010 eu quero 2000" e ajude a completar 2000 Seguidores no Blog Diário de uma Veterinária em até 2011.

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sábado, 9 de janeiro de 2010

... e chega o 'chumbinho'


Pouco depois de me despedir do gatinho enfaixado eu pensava: Alice, que sábado foi esse? Hoje você atendeu foi bicho, fez exame, foi pra casa, já dormiu, já atendeu mais bicho, agora você merece descansar. Chegou minha janta, um delicioso temaki de salmão.

Depois da cirurgia eu passei a comer muita comida japonesa, os "crus" descem super bem.

No meio do meu temaki me chegam três guris, um pai e um cachorro.

Vocês tão abertos?

Estamos né, atendi um animal agora e já estava indo embora, é emergência?

Sim, doutora, ela comeu veneno de rato.

A cadela estava bem para quem havia se intoxicado com carbamato. Me lembrou uma vez que eu ainda trabalhava no antigo consultório e de repente, no meio de uma tarde de sábado um carro bate no meio fio da clínica, que era bem alto: PLAFTTTT

Quando eu vou ver é um cachorro intoxicado com 'chumbinho', o cachorro mal engoliu o veneno e o dono socou o cachorro no carro e quase morre num acidente.. o cachorro saiu balançando o rabo todo feliz,... em 10 minutos já apresentava os sintomas.

Foi assim com a cadela desse dia dois. Ela estava até bem, mas já apresentava fezes mucóides (decorrentes do aumento do peristaltismo causado pelo carbamato).

Enquanto eu preparava os medicamentos e já aplicava o antídoto, ela começava a apresentar os tremores musculares, também decorrentes do envenenamento.

Então só foi festa, fiz uma ficha rápida, mediquei o animal, liberei o dono e fui trabalhar. Eu gosto de trabalhar de noite, sozinha na clínica, parece que eu ligo o som bem alto em uma música clássica e vou fazer minha "arte", com exceção que não havia som, ou música clássica e a arte dessa noite foi uma lavagem gástrica.

Anestesiei a cadela, passei a sonda, tirei tudinhoooo, lavei com solução fisiológica, ficou uma beleza. Tudo deu super certo, quando a gente segue o protocolo as coisas funcionam perfeitamente. Às vezes uma ou outra coisa dá errada, mas é aprendizado para a próxima.

Então enchi a bichinha com carvão ativado. Depois, com toda paciência que minutos antes me faltava e nessa hora me transbordava, eu fiz um enema e em seguida "stuffed" mais ainda com carvão ativado.

Ela foi saindo bem da anestesia, ficou no soro com vitamina B12, C, Ornitina e glicose, tudo na dose correta e ideal para alimentar o fígado da cadela. Ah, nem disse, uma terrier brasileiro, fofíssima como a Bridgit.

Pela manhã ela estava bem, já tinha bebido água e foi novinha para casa.

Mas, nem tudo são flores no atendimento de intoxicação por carbamato.

Tudo vai depender da quantidade de veneno ingerido, do tempo decorrente, do que o proprietário fez em casa, como por exemplo, dar leite. Não se deve dar leite quando um animal está intoxicado por carbamato. Deve-se induzir o vômito, ou com água oxigenada 10 vol (aquela de curativo) via oral, ou água hipersaturada com sal, também via oral. Isso vai induzir o vômito, deve-se ter cuidado para o animal não aspirar o vômito, portanto se ele não estiver devidamente consciente, não se deve tentar nada. Tudo isso deve ser feito para ganhar tempo de se chegar ao veterinário.

Lembrando: NÃO DEVE DAR LEITE AO ANIMAL INTOXICADO COM "CHUMBINHO"

No consultório, colega veterinário, não sede o animal até que ele esteja estável. Eu já atendi um animal intoxicado por carbamato na residência do animal e, ao sedar, ele apresentou edema pulmonar. Isto é, o envenenamento em si pode causar o edema, deve-se fazer o diurético de forma preventiva e corretiva ao edema pulmonar visando a estabilização. Nesse caso eu estava sem diurético e o animal só conseguia respirar com a cabeça levantada. Como eu já havia induzido a sedação eu pedi um ventilador e segurei a cabeça do cachorro em direção ao ventilador até que ele saiu da sedação, quando eu pude continuar com o atendimento.

Outra dica, colega, não administre o carvão ativado em um animal que não está estável. Já presenciei, durante um estágio, o animal acabar aspirando o carvão ativado, entrando em agonia respiratória e óbito em seguida. Nesse caso o animal não estabilizava e foi feito o carvão sem sedá-lo com receio da sedação, isso é errado. O carvão vai ajudá-lo a não absorver o veneno ainda não absorvido, porém não é mais essencial para a sobrevivência do que a própria estabilização.

E, por último, colega veterinário. Nunca, em hipótese alguma, por menor que tenha sido a quantidade de veneno ou por mais sucesso que tenha havido no atendimento, não libere o animal para casa. Passe a noite com ele, acorde de hora em hora, por mais trabalhoso que seja, cobre por isso. A última intoxicação que eu peguei antes dessa tinha acontecido um dia antes do atendimento. O animal foi intoxicado, foi atendido por um colega que, em menos de 2 horas, liberou o animal para casa. Foi daqueles atendimentos rápidos, eficientes e com sucesso. O animal foi para casa sem sintomas. Passou a noite. No outro dia o animal não se levantava, ficava como se fosse uma foca, patinando, e com vocalização. Foi quando eu fui procurada. Não sei se foi por não ter tido soroterapia/antídoto/vitaminas/cuidado suficiente ou por ter sido absorvida outra parte do veneno que não havia sido digerida na ocasião do atendimento, mas o animal teve uma piora durante a noite e veio a óbito comigo. A única coisa que eu fiz nesse segundo atendimento foi entrar com soroterapia, terapia de suporte, até fiz o antídoto mas nenhum dos sintomas clássicos (salivação, fezes mucóides, fasciculação muscular, edema pulmonar) o animal apresentava mais , somente incoordenação, vocalização, opistótono e nistagmo, todas as alterações neurológicas que você não quer ver em uma intoxicação.

No final das contas você pode enviar o animal para casa com: vitamina B12, carvão ativado e ração para hepatopatas por alguns dias.

Espero ter conseguido passar minha experiência para vocês.

Sejam seguidores do blog (quero fechar 2010 com 2000 Seguidores, você me ajuda?). Bom final de semana a todos.

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domingo, 3 de janeiro de 2010

Scapular Luxation

No dia 02 de Janeiro de 2010 eu trabalhei normalmente.
Recebi alguns retornos, uma gastroenterite aqui, uma verminose lá, e entre elas vacina, vacina e vacina.
Por volta das 17 h eu fui para casa, e desfaleci na cama.
Às 19 h eu recebi uma ligação:
- Esse telefone é da veterinária?
----ZZZzzzzZZZZzzzzzz (de onde vem essa voz? quem está falando comigo? quem é veterinária?)
-Alô, pois não quem fala?
- Alô, é Joana, estou com um gatinho doente, você é veterinária?
----ZZZzzzZZZZZzzzzz (como me acharam aqui?? segundo meu sonho eu estava em Brasília?? como me encontraram aqui?.. merda, ACORDA ALICE, é emergência, você está em Ilhéus mesmo, na tua cama)
- Sim, pois não, o que aconteceu.
-Ah, sim, você é a veterinária? Então, meu gatinho entrou na máquina de lavar roupa e quando minha mãe ligou ele saiu gritando...e... eu acho que ele não sente dor mas a pata tá pro lado, você acha que eu devo... NÃO MÃE, não coloca atadura, to falando com a médica mãe.
- Sim, você então quer uma consulta?
- Sim, onde fica a clínica e qual o valor?

Passei todas as informações e fui para a clínica. O gatinho tinha 500g, era pequeno, branco com marrom, com um olho amarelo e outro azul, fofo demais... Parecia um morceginho com a pata luxada. Ele teve uma condição chamada de luxação de escápula.
Reposicionei a pata. enfaixei e prescrevi um anti-inflamatório.
Só senti muito por não ter levado a câmera, o gatinho enfaixado parecia de brinquedo, paradinho, eu coloquei no bolso, fiz carinho... triste foi devolvê-lo... mas foi necessário, senão ela não iria me pagar.

Então eu virei as orelhinhas dele para trás (adoro fazer isso) e tirei umas fotos pelo celular.





Depois de uns 10 minutos que o gatinho foi embora o meu temaki de salmão chegou... e depois dele umas três crianças, um pai e um terrier brasileiro intoxicado por "chumbinho" (carbamato)... mas isso, vai me render outro post.

Boa semana a todos!!


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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O que mais eu poderia ter feito?


Depois de todo atendimento feito, principalmente quando há óbito, eu fico pensando em tudo que poderia ter sido feito.
É natural do ser humano procurar os ERROS e atribuir a culpa aos culpados. Quando a culpa paira sobre ele, então ele pensa em todas as justificativas existentes para ter tomado aquela decisão.
Eu sou como todo ser humano, mas eu quero ser mais 'humana' em 2010.
Em 01 de Janeiro eu perdi um animal, de uma amiga, que morreu de eclampsia, reincidente e todas as recomendações feitas estavam sendo seguidas. Então eu penso, o que mais eu poderia ter feito? Depois disso eu procuro mais sobre o caso, estudo mais, me dedico mais... e quando eu descubro o que aconteceu de errado, onde eu poderia ter me esforçado mais, onde eu poderia ter orientado mais, ter sido mais enérgica, eu tomo como aprendizado.

Eu estava tão feliz no dia 31 de Dezembro quando atendi o Bourdier, um pitbull que foi atropelado e foi prontamente atendido lá na clínica. Em 30 minutos eu pude medicá-lo para combater o trauma, pude usar a ultra como USG Emergencial e diagnostiquei um sangramento importante no abdômen, que não era bexiga. Rapidamente ele foi encaminhado para cirurgia onde corrigiram o sangramento que vinha de lacerações no fígado e no dia seguinte ele passava bem.
Ele teria morrido se os proprietários não tivessem levado com urgência, se não tivesse sido diagnosticada corretamente a sua condição e se ele não fosse operado. Vê, tudo isso foi um sucesso, mas a única coisa agora em que eu consigo pensar foram nos que eu perdi, principalmente na mais recente. Mas, se eu for parar para pensar, eu só fiz um bom trabalho com o Bourdier porque um dia certamente eu perdi algum animal sem um correto diagnóstico e uma conduta apropriada. Esse animal que eu perdi no passado me ajudou a salvar o Bourdier.

Em 2010 eu quero aprender mais, eu quero me esforçar mais, eu quero reclamar menos.
Eu não quero errar menos porque aprendo com os erros, mas quero compreender melhor porque acontecem as coisas que acontecem, comigo ou com os pacientes, ter o discernimento, assimilar, aceitar e seguir em frente.
Foi assim com todos os óbitos desse ano, ou dos casos fracassados e casos de evasão.
Sei que vou entrar em 2011 sem saber um décimo do que eu preciso, mas pelo menos eu vou me esforçar mais em 2010.

*Post dedicado à todos aqueles pacientes que passaram por mim nesse ano, os casos de sucesso e de fracasso, todos eles me fizeram uma melhor profissional.
**E para mostrar que sou uma melhor pessoa em 2010, resolvi dar uma nova chance ao TWITTER, voltei a twittar. Mas ele que não pense que eu vou largar meu blog... VIU BLOG!! www.twitter.com/alicevet

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