quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Choque séptico


Qual o tamanho da paciência de um veterinário?
Há alguns meses eu atendi um uma gata que, segundo o proprietário, havia parido no dia anterior e no dia do atendimento estava com uma 'infecção generalizada'.
A gata chegou em choque, com odor fétido, hipotermia, mucosas cianóticas.
Eu fiz todo esforço para estabilizar o animal com aquecimento, soro, glicose, antibioticoterapia e tratamento intensivo.
A gata até melhorou mas veio a óbito em poucas horas.
Ela apresentava úlceras na língua, na ultrassonografia foi visualizado um feto morto, também já em decomposição afinal havia muito gás ao redor dele, a região perianal da gata estava ainda com secreções do parto e larvas de mosca na pele.
Durante a consulta a gata já não havia mais parido no dia anterior e sim 2 dias antes... e até o final da consulta ela havia realmente parido há 3 dias. "Mas até ontem ela estava 'super bem', doutora."
Uma gata em trabalho de parto há 3 dias não fica 'super bem' até ontem, não entra em choque séptico sem antes ter apresentado qualquer sinal de piora.
Eu fiquei muito aborrecida.
Eu perdi uma paciente por não tê-la estabilizado, eles perderam uma gata por não tê-la zelado.
Esse blog é, além de tudo, informativo, portanto:
Atente para seu animal, qualquer mudança de comportamento exige atenção e em uma situação como essa isso não deve ser negligenciado.
Eu acredito que a família realmente pense que o animal estava bem, mas por falta de atenção não observaram que ela não comia, ainda estava em trabalho de parto e estava em sofrimento.
E, o mais importante, seja correto e verdadeiro com as informações do histórico. Uma gata com um dia de parida e quatro dias possuem prognósticos bem diferentes e exigem tratamentos distintos.



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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Nomes... de onde eles vêm?


- Bom dia doutora
- Bom dia senhor, em que posso ajudá-lo?
- Ah, doutora, eu queria uma consulta para a minha cachorra.
- Pois não, vamos fazer a ficha, como é o nome dela?
- A gente chama ela de Ninha, mas o nome dela é Xena Sarah O'Connor.


A gente geralmente recebe animais com nomes diferentes. Muitos deles herdam os nomes complicados dos registros em kennels como algo do tipo: Ero Sennin Gulanbert III
Mas eu tenho a felicidade de receber animais com nomes estranhos sem necessariamente serem de canil.
Bastou ser apenas mestiço, daqueles que o proprietário diz:
- Doutora, o pai é poodle com 'basê' e a mãe é 'rotivalha' com pastor canadense europeu... que raça é esse cachorro?

... que eles já vêm com os nomes mais complicados e engraçados..

Claro que com a Xena Sarah O'Connor eu já lembrei do Exterminador do Futuro e toda parafernália que acompanha... mas tenho outros exemplos clássicos.
Certa vez atendi o ACM, até falei sobre ele aqui.
Aloísia Werber era uma pinscher, cujo proprietário não tinha Werber no sobrenome.
Banuvem, Poplita e Budiga devem ter surgido de uma partida de SCRABBLE.
Beiçola é um boxer carinhoso, e por falar em boxer, já atendemos o Caroço também.
Chico Biroba veio para vacina. CP (=coisa preta) e CPF (coisa preta feia) eram dois filhotes até bonitinhos. Djedefre (Alice, 'jedefré' começa com D viu) homenageava um faraó. Dogilson e Don Ratinho eram dois pinscheres que competiam para ver quem era o mais bravo. Fill Le Rue só atendia em françês. Geodésia era de um geólogo e Java Pá Virada de uma veterinária. Júnia devia ter o nome da mãe.
Sempre que atendíamos La Belle de Jour passávamos o dia cantarolando... sem contar quando vinha a Luka.. e eu me pegava cantando "my name is Luca, I live on the second flooor"
Alguns nomes precisam ser soletrados como Mayatchan ou Nataly Cleopatre Von Scarralau.
Também recebemos ilustres visitantes como Xuxa, Madona, Michael Douglas, Sophia Loren...
Mas eu gostaria mesmo de saber se quando o proprietário vai brigar com o cachorro, se ele pronuncia o nome completo como:
- Pacato Tannus seu atrevido!
- Pity Phyder volte já aqui.
- Tequila Floyd, você fez xixi no tapete?
Já na era da informática temos Underline (cuja secretária só chamada de Adelaide), para os que gostam dos livros temos o Xisto... do "Xisto no Espaço"...

Que venham os nomes diferentes/criativos/bizarros/engraçados... exercitam a criatividade e alegram nosso dia.


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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

É Natal!


Essa é a mensagem da clínica, deixo para todos os meus leitores.
Paz e saúde

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Largar dessa vida


Hoje eu falava com umas amigas, a Roberta e a Nancy. Cansei de ser veterinária, vou largar dessa vida. Ah, passei o dia todo processando amostras de soro dos animais do projeto, até fiquei com dor de cabeça.
Desde os 17 eu me preparo para ser veterinária, e sou, hoje, 12 anos depois (nem parece isso tudo ne?!) eu cansei.
Vou largar dessa vida e viver de brisa.
Vou viver de amor, acho que vou virar atriz, ou cantora, qualquer coisa que dá dinheiro e diversão ao mesmo tempo.
Olha, eu quero ainda bater um record, sei lá. Certamente vou apreciar o feito.
Então Nancy me disse:
- Fica quieta Alice, e bate o record de exames bioquímicos realizados em um dia. Amanhã você tem outra chance, e depois de amanhã outra também. Capricha ae!!

Tudo bem, vou sossegar, mas vocês ainda vão ver.

Roberta me perdoa não ter colocado no vídeo... ROBERTA É A CINEGRAFISTA QUE RONCA QUANDO RI.... :D

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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Rapidinha

Aonde você coloca a cara quando:
- Você vai fazer uma ultrassonografia na cadela, e depois que você coloca o gel na barriga dela, o proprietário fala: Calma, Lindinha, é gostoso... eu já fiz um exame desses.... no saco!

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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

ECG


Em um momento de empolgação eu e Renata nos endividamos em oito mil reais. Foram muitas coisas para a clínica, dentre elas um Littman e um eletrocardiograma. Nosso amigos nos perguntaram como iríamos pagar, sugerindo até a prostituição.... realmente, ser veterinário em Ilhéus e se equipar é complicado, mas até que estamos nos saindo bem nessa tarefa.

Ter um eletrocardiograma estava sendo excelente na teoria mas quando começou a entrar na prática a gente viu o quanto era complicado. Encrencou logo na instalação...

A Renata praticamente comeu os livros de cardiologia e ECG para podermos montar um bom laudo. Enquanto ela estudava eu cuidava de outras coisas, então ela parava e perguntava: Alice, sinceramente, em toda a sua vida, você acha que pensaria em criar uma coisa MALUCA como essa, que é o eletrocardiograma?

A física do ECG é muito complicada e até entendermos e aprendermos todas as medições realizadas e interpretações para elas, suamos muito.

Por enquanto eu só faço o exame e a Renata está fazendo os laudos mas já estamos adquirindo uma prática para esse mercado crescente.

Entramos em contato com os veterinários colegas oferecendo o serviço de ECG e de ECG com assistência cardiológica. Nesse segundo serviço nós fazemos o exame ECG, exame físico, histórico, avaliação do RX e tórax e preparamos um documento para o colega com suspeitas e sugestões de exames complementares, tratamento e agendamento de retornos. O colega então conduz o tratamento e o cliente fica feliz.

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terça-feira, 10 de novembro de 2009

LUTO - Minerva



Eu estive em Brasília nesse fim de semana. Como há um ano atrás, eu perdi mais um animal. Há um ano, no dia 04 de novembro, eu perdi o Horácio, meu boxer e, nessa noite, eu perdi a Minerva.

Quando que eu cheguei ontem à noite, ela ainda estava viva, foi atendida mas não foi diagnosticada a tempo e, tal como Marley, ela teve torção de estômago.

Eu estou num dos piores dias da minha vida, a Minerva era minha boxer feia, mas muito querida. Nem acredito no que estou sentindo agora, estou me culpando por tudo, por não estar aqui, por não ter diagnosticado a tempo, por não ter ficado com ela quando ela morreu...

É terrível ser veterinário nessas horas.

Eu não tenho mais palavras.

"Me desculpa minha menininha, não dei conta de te salvar... "

Não consigo acreditar que eu perdi minha cachorra de uma forma tão estúpida.




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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Xamã


Segundo o site Xamanismo, o Xamã é uma pessoa com uma grande variedade de culturas não ocidentais, ou curandeiro, feiticeiro, bruxo, é um "organizador de caos" para despertar a consciência. Mas não ontem, ontem o Xamã era um fila brasileiro de quase 50 kg que fugiu de casa, apavorou a vizinhança e voltou com alguns cortes, dentre eles um na boca que sangrava profusamente. Uma típica emergência de meia noite que me tirou de casa e não demorou muito. Mas não era tão típica assim, era o cachorro da minha orientadora... e como tal veio acompanhado do fator responsabilidade e 'awareness' elevado à décima potência.

Claro que o atendimento foi feito como com qualquer animal, com calma, paciência mas, por que a gente fica nervoso em situações assim?

No fim de tudo eu estava um caco de tensão. Minha orientadora toda hora falava: "Alice, fica tranquila, está tudo ótimo!"... como ela percebe? é faro?

Realmente foi tudo tranquilo, no final do atendimento ela perguntou:

Alice, quanto foi?

Eu respondi: Você só pode estar querendo me matar!

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domingo, 1 de novembro de 2009

Emprego

Hoje eu estava em um site de anúncios de emprego, fazendo um cadastro. Há várias opções de emprego em diversas áreas mas, na área de veterinária, eu não devo ter procurado direito. Existiam 59 vagas, das que falavam sobre salário variavam entre 500 a 2000 reais para clínicos e de 500 a 3000 reais para promotores em empresas de medicamentos e rações.
Ninguém quer um clínico de pequenos animais com experiência para pagar 10.000 reais. E é pedir muito?
É por isso que todos os meus colegas fazem concursos?
E nesses concursos, para professor principalmente, artigo publicado vale dinheiro mesmo?
Ahh cadê a simplicidade da vida de quando eu tinha 15 anos, que era saber se eu ia para a final de matemática ou não... e por que ninguém tirou da minha cabeça esse lance de bicho?
Agora eu tenho que me esforçar para fazer meus 10.000 reais por mês...
Em alguns lugares, para algumas pessoas, em certas profissões, é difícil viver do que se sabe fazer, mesmo que se tenha estudado muito para chegar lá, e eu sou um exemplo clássico disso.
De nada adianta um currículo cheio de coisinhas nesses sites de emprego, o Lattes é útil para concurso mesmo...
Alguém conhece um veterinário de pequenos animais... RICO?

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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A criação pode trazer problemas? III


Não quero falar sobre os encantadores, ensinadores, adestradores e qualquer outra denominação dos que se propõem a educar cães e principalmente, proprietários.
Quero compartilhar o que eu sei...
Lá em casa temos a Bridgit e a Dalila. A Bridgit é minha, e ela sabe disso, e a Dalila é da minha mãe. Ambas moram com minha mãe, no mesmo prédio que eu. Quando eu chego em casa, Bridgit faz festa, mesmo quando eu não subo para visitá-la. Quando eu vou na casa da minha mãe, ela me segue, deita ao meu lado. Se eu vou para o banheiro ela fica na porta. É natural da espécie. Ele precisa seguir o dono... mas ela sabe o que ela pode e o que ela não pode fazer. Ela não pode subir no sofá porque eu estou sentada no sofá. Ela não pode me morder se eu vou limpar seus ouvidos, mesmo que ela se irrite e rosne do início ao fim, ela sabe que ela não pode morder. Ela pode subir no meu colo quando eu chamo, e eu brinco com a bola quando eu quero, mesmo que por ela isso pudesse durar a vida toda brincando.
São 6 anos de convivência com muitos "nãos" e "venha" que me criou esse laço. Se vamos ao veterinário, eu não fico na sala, ou fico mas não dou crédito para ela pensar que pode tudo só por causa da minha presença.
Há cerca de um mês eu atendi um filhote de rottweiler de 3 meses. É comum, nessa raça, como em qualquer outra, a confusão nessa idade com relação à dominância, e, é claro, que o filhote vai se impor, sempre que testado, para não ser o "dominado". O animal não premitiu exame físico aos 3 meses, foi um trabalho medonho para coletar sangue, precisou de muita conversa, focinheira e braço pra segurar a fera.

Eu avisei o proprietário: "Você precisa mostrar para o cachorro que você é o líder da casa. Não deixe que ele faça o que bem entender. Brinque, alimente, cuide e eduque com sabedoria. Não é pra bater, mas comece a vetar os comportamentos indesejáveis com palavras de negação como "não pode", "saia", "entre", e habitue-se a compensá-lo quando ele agir corretamente, com carinho ou petisco."
Hoje, o animalzinho voltou com mais 7 quilos, e pior. Para o proprietário não havia nenhum comportamento errado que precisasse ser corrigido naquela época, ele ainda era um filhote fofo, e ainda é. Então eu perguntei: "Sr, se hoje, aos 4 meses eu não consigo fazer um exame físico no seu animal sem que ele tente me morder ou morder o Sr, como será daqui a 30 kg? Afinal, você está criando um animal com potencial físico para fazer bastante estrago. Se no futuro ele não aceitar o domínio de ninguém, pode acabar sendo vítima de abandono ou eutanásia."


Eu me pergunto, se um dia ele atacar alguém, a culpa será de quem?
Eu digo e repito: brique, alimente, cuide e principalmente, EDUQUE.

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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Old fashioned




No último post eu falei sobre o TWITTER, como ele poderia ser uma boa ferramenta para acompanhar as notícias de uma veterinária quase semi pré baiana que gosta de "blogar"... esquece... eu gosto é de blogar. O Twitter me limita as palavras, e assim também o pensamento. É prático e rápido, pode ser muito útil, mas não para mim. Eu gosto de escrever, debater, elaborar a idéia e ir até o fundo.


O TWITTER pergunta:


O que você está fazendo agora?


"estou atendendo um caso super interessante de um cachorro que passou duas semanas na Lua e.." PIIIIIIIIIIIIIIIIIII acabaram as letras, os caracteres, você não pode escrever mais... mas


O que você está fazendo agora?


"bom como eu ia dizendo, o cachorro né, foi pra lua em uma expedição da NASA e acabou passando quinze di.." PIIIIIIIII, acabaram as letras de novo


Como assim? eu tenho letras no teclado, mas não posso digitar... um caso tão legal que...


O que você está fazendo agora?


"Agora??? agora estou tentando contar o caso do cachorro que eu não atendi agora, mas há 15 minutos e você não me deixa escre..." PIIIIIIIIIIIIII... ZERO caracteres...




Volta para o seu blog, Alice, porque você é blogueira. Deixa o TWITTER para mensagens rápidas. Esse nunca foi seu objetivo mesmo...


O twitter tá lá... e eu vou ficar é aqui mesmo


mas




O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AGORA?

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sábado, 19 de setembro de 2009

Twitter


Tentei lutar contra a tecnologia, mas, se eu já tenho um blog, três na verdade, por que não aderir ao twitter?
Fica mais fácil para publicar os procedimentos e acontecimentos do dia...
Acompanhem no twitter: http://twitter.com/diariovet
Essa ferramenta não tem como objetivo compartilhar protocolo ou doses, bem como informações confidenciais sobre os pacientes, somente os casos e procedimentos de forma geral.



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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Nove de Setembro


No dia 9 de setembro é comemorado o dia do médico veterinário. As primeiras escolas de veterinária brasileiras surgiram em 1910, mas somente no dia 9 de setembro de 1933 o então presidente Getúlio Vargas autorizou a atuação e ensino da medicina veterinária.
Eu quero aproveitar esse espaço cedido por mim... ehehe, para homenagear todos os meus colegas. Seja em que área for, o médico veterinário é um artista... pois ele é capaz de...
.... aprovar para o consumo de várias pessoas o alimento de origem animal que chega às mesas
.... executar os resultados das milhares de pesquisas já feitas por outros colegas dentro de uma só fazenda
.... decorar nome, dose, princípio ativo, preço, via de administração de dezenas de medicamentos, e achar que não sabe quase nada
.... calçar uma bota sete léguas, um macacão e ir para o campo às 5 horas da manhã, fiscalizar uma ordenha, examinar um lote a ser abatido ou somente levantar um animal no pasto
.... competir com várias outras profissões para manter suas atribuições em controle de qualidade de alimentos, e receber muito mal por isso
.... garrotear e cateterizar uma veia
de um pinscher completamente estressado, somente com a ajuda do proprietário aos prantos
.... ouvir desaforos por causa dos preços cobrados, por causa do cachorro que morreu depois de tirar noites de sono, por causa da ausência do diagnóstico do animal cujo proprietário não quis pagar por exames
.... receber prosposta de assinatura para Responsabilidade Técnica de R$100,00 ao mês, sendo que o pagamento deve ser acima de 1,2 salário mínimo
.... chegar em casa cansado de tudo isso, e mesmo cheio de calote, de trabalho, de aborrecimento...

O médico veterinário ainda é capaz de fazer tudo isso sorrindo e ser apaixonado pela profissão PARABÉNS A TODOS OS MEUS COLEGAS


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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Cirque du Soleil


Nesse domingo eu trabalhei. Por volta das 18:00 h eu recebi uma ligação de um cliente para atender um gato "entupido".
"Doutora, meu gato tem uma crise de miados. Ele mia, mia, mia, vomita e não faz xixi, eu acho que é verme, viu, a senhora atende?"
Após examinar o animal, eu pude palpar a bexiga bem distendida e uma leve desidratação. Apesar de estar há uma semana com obstrução parcial da uretra, o animal estava alerta. Coletei sangue para análise. Expliquei para a proprietária sobre a Doença do Trato Urinário Inferior do Felino. (FLUTD - Feline Lower Urinary Tract Disease) - leia mais - e em seguida ela me pergunta:
Sim, doutora, mas e os vermes?
- Senhora, os vermes são o menor problema do seu gato agora.
Depois de liberada, fui estabelecer a terapia no gato.
Ele foi sedado e anestesiado com um protocolo de 15 minutos, e anestesia local para fixação da sonda. Com pouca dificuldade foi sondado, realizei uma lagavem na bexiga e fixação da sonda.
Depois ele foi mantido na fluidoterapia para reestabelecimento da hidratação, e fomos para a minha casa.
Em casa eu forrei um colchãozinho dentro do box do banheiro de visitas (o Beto ainda me larga desse jeito) e durante toda a noite ele ficou no soro. No outro dia ele já estava bem mais animado, bebeu água e olhou desconfiado para a ração terapêutica. Já sem precisar de soroterapia eu coloquei o colar elizabetano nele e fechei a porta do box, deixando que ele repousasse.

Depois de cerca de duas horas ele começou a miar, eu fui então avaliar meu paciente e, quando abri a porta, pude ver realmente o que estava acontecendo. O gato dava saltos mortais, miava e fazia "PFFFFFFFFFFF"... eu fechei a porta atrás de mim e subi no vaso sanitário. Foram uns 10 minutos até ele tirar sozinho o colar elizabetano, e se acalmar, e uns 20 minutos até eu parar de gritar o Beto, me acalmar também e descer do vaso.
Eu e o gato fizemos então um acordo: eu não colocava novamente o colar elizabetano e ele não faria mais uma apresentação digna de Cirque du Soleil dentro do meu banheiro.
Hoje ele foi liberado, sem colar, sem mexer na sonda, bebendo água e comendo, calmo e urinando... feliz!

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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Minha Ilhéusss


Dessa vez eu não fiquei deprimida por voltar se São Paulo. A cidade é fantástica, mas a vida não é fácil. "To make the ends meet"...

São Paulo não piorou, Ilhéus não melhorou... eu acho que eu sosseguei.


Voltei sim mais empolgada com a clínica, compramos um eletrocardiograma, uma balança de plataforma, um estetoscópio Littmann, e várias coisinhas...

E por falar em balança, por um lado eu posso fazer muitos cursos em São Paulo, executar vários projetos, receber bem por isso... por outro lado em Ilhéus eu posso acordar 30 minutos antes de trabalhar, em cinco minutos chego no trabalho, vou atender de madrugada traqüila... não recebo muito bem, mas vivo com mais paz.

Agora o programa de pós graduação da universidade que eu estudo vai ter implantação do doutorado... acho que vou sossegar por aqui mesmo.

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domingo, 16 de agosto de 2009

Apresentação

No outro dia eu acordei, fui tomar café. Claro que coloquei minha bota FODÁSTICA, de salto alto, e o AllStar na minha bolsa nova, para trocar depois. Tomei café, e fui para o ônibus do Transfer. A minha apresentação estava marcada para 9:20. às 8 horas eu estava no ônibus.. liguei para o Beto:

- Beto, já calcei o Allstar, você pode descer para pegar a bota maldita destruidora de pés aqui no ônibus?

O transporte só foi sair às 8:30, eu já estava desesperada. Cheguei em cima da hora e o ônibus parou exatamente ao lado da sala das apresentações. Cheguei... esbarofida, assisti outra apresentação.

Fiquei torcendo para não dar tempo da minha orientadora chegar, só faltava essa, eu, apresentando o trabalho no qual ela me orienta, em inglês, no congresso mundial... pelo menos ela poderia não achar a sala. Quando 10 minutos antes da apresentação, chega minha orientadora, com uma cara de quem correu uma maratona... "Aiii Alice, chegueiiii, agora você pode ficar calma"

O trabalho apresentado por mim e feito pela equipe do TVT foi: Efficacy and side effects of treatment with vincristine sulphate in dogs with transmissible venereal tumour.. e foi ótimo.

Claro, como uma boa leonina eu admito que arrasei, mas a minha platéia de 5 pessoas (minha orientadora, minha sócia, o rapaz do som, o moço do congresso e o rapaz que tinha acabado de apresentar) concordou comigo.

Depois eu fui aproveitar as palestras. Os lanchinhos do coffee break e do almoço vinham em uma caixinha e eu quase não comia nada.. levei tudo para o hotel:

- Beto, não come nada dessa geladeira aí, é tudo caro, toma lanchinho, Ruffles, chocolate.. humm!

Ele passou o dia dormindo. Voltei para o hotel de noite, depois da última palestra. No outro dia começaria a feira. Abaixo duas fotos que registraram minha apresentação, de Allstar com o cadarço desamarrado, entupida de roupas e casacos...



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