Na segunda feira, dia 6, eu sofri uma gastroplastia. Fui internada no domingo, depois de entregar os telefones de emergência e dar um breve adeus à veterinária para cuidar de mim.
Desde novembro eu já vinha fazendo exames para a cirurgia e me interando de todo pós operatório. No projeto TVT eu fiz um esquema para não deixar nada faltando na minha ausência, a Renata, minha sócia, voltou a trabalhar na clínica e têm assumido os plantões com o Fábio. Nos frigoríficos também deixei tudo encaminhado e durante um mês eu vou assumir as rédeas da minha vida. A veterinária está cheia de bons profissionais e pode esperar.
Indo para a sala de cirurgia, lembrei de ligar para o primo do Beto, cujo cão estava com uma gastroenterite hemorrágica, para ver como estava...
No pré-operatório, a técnica em enfermagem veio cateterizar a minha veia, eu perguntei: será que você não pode me contar uma história?
Nada, nadinha, a moça não tinha nem uma história para me contar.
Então o moço da maca ao lado puxou assunto comigo: Sabe, é a quintha chirurghia que eu façho. A primeira fhoi no olho, outrhas dhuas no outro olho, uma chirurghia no rim.
-E essa?
-Essha é na prosthatha. Como é difíchil falar sem a dentadura.
Então levaram o moço da próstata.
Eu fiquei um tempo quieta, observando, pensando em todos os cachorros dos quais eu cateterizei a veia sem nem contar uma história, ou acalmar o animal... não me lembro da última vez que o fiz sem dizer apenas: por favor, me ajude a conte-lo.
Me levaram para a sala de cirurgia, e eu não parava de observar. O que mais me chamou atenção foram os quilos de maquiagem que a instrumentadora usava, dava pra ver o batom vermelho por trás da máscara, rímel, sombra, pó, mais sombra, mais batom e mais pó. Sem contar os 3 pares de brincos. Eu falei: nossa essa produção toda é pra me operar?
Ela sorriu e disse: tá vendo como você é importante???
Bom.. comecei a observar os monitores, amarraram meus braços na maca e eu perguntei: vocês tão com medo de eu bater em vocês?
Essa foi a última coisa que eu me lembro...
Me lembro de me levantarem, me colocarem em uma maca... "vamos tirar sua sonda uretral agora".... "sim sim, ela acordou, vou mandá-la pra U.T.I"
"por que eu vou pra UTI?"
Ninguém me respondeu... me cobriram, e ao sair eu chamei pela minha mãe...
"Ohhh meu Deus, como ela tá pálida... ohh minha bichinha"
"Mãe... (bico)... porque que eu vou para a U.T.I, mãe, não quero irrrr"
"Mas Alice, você mesmo me falou que seria normal se fosse"
Beto, sogra e cunhada também estavam lá.
Me levaram para a U.T.I e colocaram diversos monitores em mim.
Adormeci facilmente...
"Vamos lá, ela está sem sonda... vai ter que usar fralda"
"EU não vou fazer xixi na fralda.. nem adianta, pode colocar mas quando eu quiser fazer xixi vocês terão que me ajudar"
"tudo bem...não se preocupe"
Na hora da visita eu acordei com minha mãe segurando minhas mãos e beijando, e me falando que eu estava muito pálida, mas que foi tudo bem, e qual era o telefone do médico porque ele nem tinha ido falar com ela... adormeci de novo... já era o Beto segurando minha mão.. perguntei sobre o cachorro, sobre a cirurgia, sobre meu notebook que estava no quarto... adormeci e acordei mais duas vezes, uma com a minha sogra e outra com a visita da minha cunhada, que disseram palavras de conforto, que eu realmente não me lembro, adormeci logo em seguida.
Uma amiga, enfermeira, a Andréia, também me viu na U.T.I e ficou bastante preocupada, foi vasculhar prontuário e ligou várias vezes para a equipe, infelizmente não me lembro da sua visita.
Acordei diversas vezes na U.T.I, quando o monitor da pressão enchia no meu braço, quando aplicavam injeção endovenosa muito rápido e doía a minha mão, eu falava:
"moça, você vai me dar uma flebite (inflamação da veia) desse jeito, aplica devagar"
Mas não adiantava muito falar.
De noite eu tive ânsia de vômito mas, graças a Deus, não vomitei, apenas gritei pela enfermeira, que se chamava Socorro:
- Socoooooooooorrrrrrrrooooooooo!!!
Apareceram 3 pessoas apavoradas e eu perguntei:
- Queria uma cuba porque parece que vou vomitar, a Socorro ainda está aí?"
Durante a noite eu já estava mais acordada, ouvi uma movimentação, aparentemente o moço do leito 19 havia parado... morreu. Pela manhã uma outra moça também morreu....
Meu médico me visitou e me liberou para o quarto, mas ainda fiquei na U.T.I durante a hora de visita.
Às 11 horas a mamãe chegou de novo... e outra cunhada também me visitou.
Depois da visita ainda demorou um pouco para me levarem... eu ouvia a enfermeira:
"O leito seis (eu) foi liberado, é a Alice Albuquerque, mas aqui tem liberação só da Alice Ribeiro"... eu tive que dizer umas 15 vezes: O meu nome é Alice Ribeiro de Oliveira Lima Albuquerque....
Quando finalmente me liberaram para o quarto, encontrei a mamãe no caminho...
Ahh, preciso me deitar agora, depois eu falo mais sobre o pós operatório.
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4 comentários:
O primeiro e mais difícil passo você já deu...agora tudo vai dar certo!
as melhoras rápidas Alice!
nossa Alice!!! tou scared aqui, nem imaginava que tinha acontecido tudo isso!! Melhoras para vc!!!! Te espero no TVT. bjos
Não lembra que te visitei tb hein?????????? sua ingrata! rsrs
bju
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