terça-feira, 8 de setembro de 2009

Cirque du Soleil


Nesse domingo eu trabalhei. Por volta das 18:00 h eu recebi uma ligação de um cliente para atender um gato "entupido".
"Doutora, meu gato tem uma crise de miados. Ele mia, mia, mia, vomita e não faz xixi, eu acho que é verme, viu, a senhora atende?"
Após examinar o animal, eu pude palpar a bexiga bem distendida e uma leve desidratação. Apesar de estar há uma semana com obstrução parcial da uretra, o animal estava alerta. Coletei sangue para análise. Expliquei para a proprietária sobre a Doença do Trato Urinário Inferior do Felino. (FLUTD - Feline Lower Urinary Tract Disease) - leia mais - e em seguida ela me pergunta:
Sim, doutora, mas e os vermes?
- Senhora, os vermes são o menor problema do seu gato agora.
Depois de liberada, fui estabelecer a terapia no gato.
Ele foi sedado e anestesiado com um protocolo de 15 minutos, e anestesia local para fixação da sonda. Com pouca dificuldade foi sondado, realizei uma lagavem na bexiga e fixação da sonda.
Depois ele foi mantido na fluidoterapia para reestabelecimento da hidratação, e fomos para a minha casa.
Em casa eu forrei um colchãozinho dentro do box do banheiro de visitas (o Beto ainda me larga desse jeito) e durante toda a noite ele ficou no soro. No outro dia ele já estava bem mais animado, bebeu água e olhou desconfiado para a ração terapêutica. Já sem precisar de soroterapia eu coloquei o colar elizabetano nele e fechei a porta do box, deixando que ele repousasse.

Depois de cerca de duas horas ele começou a miar, eu fui então avaliar meu paciente e, quando abri a porta, pude ver realmente o que estava acontecendo. O gato dava saltos mortais, miava e fazia "PFFFFFFFFFFF"... eu fechei a porta atrás de mim e subi no vaso sanitário. Foram uns 10 minutos até ele tirar sozinho o colar elizabetano, e se acalmar, e uns 20 minutos até eu parar de gritar o Beto, me acalmar também e descer do vaso.
Eu e o gato fizemos então um acordo: eu não colocava novamente o colar elizabetano e ele não faria mais uma apresentação digna de Cirque du Soleil dentro do meu banheiro.
Hoje ele foi liberado, sem colar, sem mexer na sonda, bebendo água e comendo, calmo e urinando... feliz!

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• Diário de uma Veterinária


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2 comentários:

Mariana Vasques disse...

KKKKKKKKKKKKKKK... é, veterinário sofre!!! Principalmente com os pacientes felinos, mas. tudo pelo bem estar animal!!
Abraços

Carina disse...

Apresentação de circo em casa, gratuita... Que honra, hein? Imagino que tenha sido mais difícil tu te acalmares que o paciente.