segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A criação pode trazer problemas? III


Não quero falar sobre os encantadores, ensinadores, adestradores e qualquer outra denominação dos que se propõem a educar cães e principalmente, proprietários.
Quero compartilhar o que eu sei...
Lá em casa temos a Bridgit e a Dalila. A Bridgit é minha, e ela sabe disso, e a Dalila é da minha mãe. Ambas moram com minha mãe, no mesmo prédio que eu. Quando eu chego em casa, Bridgit faz festa, mesmo quando eu não subo para visitá-la. Quando eu vou na casa da minha mãe, ela me segue, deita ao meu lado. Se eu vou para o banheiro ela fica na porta. É natural da espécie. Ele precisa seguir o dono... mas ela sabe o que ela pode e o que ela não pode fazer. Ela não pode subir no sofá porque eu estou sentada no sofá. Ela não pode me morder se eu vou limpar seus ouvidos, mesmo que ela se irrite e rosne do início ao fim, ela sabe que ela não pode morder. Ela pode subir no meu colo quando eu chamo, e eu brinco com a bola quando eu quero, mesmo que por ela isso pudesse durar a vida toda brincando.
São 6 anos de convivência com muitos "nãos" e "venha" que me criou esse laço. Se vamos ao veterinário, eu não fico na sala, ou fico mas não dou crédito para ela pensar que pode tudo só por causa da minha presença.
Há cerca de um mês eu atendi um filhote de rottweiler de 3 meses. É comum, nessa raça, como em qualquer outra, a confusão nessa idade com relação à dominância, e, é claro, que o filhote vai se impor, sempre que testado, para não ser o "dominado". O animal não premitiu exame físico aos 3 meses, foi um trabalho medonho para coletar sangue, precisou de muita conversa, focinheira e braço pra segurar a fera.

Eu avisei o proprietário: "Você precisa mostrar para o cachorro que você é o líder da casa. Não deixe que ele faça o que bem entender. Brinque, alimente, cuide e eduque com sabedoria. Não é pra bater, mas comece a vetar os comportamentos indesejáveis com palavras de negação como "não pode", "saia", "entre", e habitue-se a compensá-lo quando ele agir corretamente, com carinho ou petisco."
Hoje, o animalzinho voltou com mais 7 quilos, e pior. Para o proprietário não havia nenhum comportamento errado que precisasse ser corrigido naquela época, ele ainda era um filhote fofo, e ainda é. Então eu perguntei: "Sr, se hoje, aos 4 meses eu não consigo fazer um exame físico no seu animal sem que ele tente me morder ou morder o Sr, como será daqui a 30 kg? Afinal, você está criando um animal com potencial físico para fazer bastante estrago. Se no futuro ele não aceitar o domínio de ninguém, pode acabar sendo vítima de abandono ou eutanásia."


Eu me pergunto, se um dia ele atacar alguém, a culpa será de quem?
Eu digo e repito: brique, alimente, cuide e principalmente, EDUQUE.

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• Diário de uma Veterinária


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2 comentários:

Quick disse...

É isso ai PADmeh, infelizmente as pessoas compram cachorros grandes achando que vão ser filhotes para sempre e se esquecem que eles crescem e precisam de um líder para obedecer dentro casa, mesmo que não tenha treinamento apesar de eu achar ESSENCIAL, dai acontece os 'acidentes' que tanto noticiam por ai em programas sensacionalistas. Você pessoas que são dominadas até mesmo por poodles ou pinchers minúsculos, o que é patético.

Dilce disse...

Ainda bem que você nao contou que quem manda aqui em casa é Dalila... ufa!